Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Colunista discorre sobre violência no futebol mundial e consequências da guerra Ucrânia-Rússia para os atletas
É fácil ser profeta em uma sociedade que se move em círculos. Há uma semana, eu mencionava a iminência de uma tragédia no futebol brasileiro, diante da escala de violência nas torcidas (com animosidade contra clubes ou contra rivais). E, nesse fim de semana, foi registrada uma morte que já soava inevitável.
Dois torcedores foram baleados em briga generalizada entre torcedores de Cruzeiro e Atlético-MG antes do clássico em Belo Horizonte (MG). O cruzeirense Rodrigo Marlon Caetano Andrade morreu aos 25 anos.
Alguém levou uma arma para um jogo de futebol. Revólveres só servem para uma coisa: matar. É absurdo, mas a violência escalonada na nossa sociedade inevitavelmente respinga no futebol. Criminosos também são torcedores, conforme argumentei há sete dias.
Esse acirramento não é exclusivo brasileiro. As brigas entre torcedores foram praticamente criadas por europeus, que gostam de apontar o dedo para criticar a selvageria dos trópicos. O hooliganismo ainda existe. A diferença sempre foram as armas de fogo.
Um paralelo claro é a barbárie em Querétaro, México, durante partida entre o time da casa e o Atlas. Surpreendentemente, ninguém morreu. A sociedade mexicana é tão aprofundada em violência como brasileiros, mas o entrevero se resumiu a espancamentos, saque de roupas e dinheiro de pessoas desacordadas, crianças apavoradas.
E a Rússia?
Não vou discutir geopolítica para dizer quem tem mais razão no conflito entre ex-nações soviéticas. Via de regra, se algo parte para guerra já está errado. O que me preocupam são os povos.
O Ocidente — Europa e Estados Unidos — mostra ampla solidariedade para o povo ucraniano, que está sendo massacrado pelo avanço do exército russo. A resposta tem sindo econômica, com sanções, que geram um peso social.
O Comitê Olímpico Russo está longe de ser algo eximível. O país foi banido de eventos por esquema institucional de dopagem. A medida, porém, nunca visou punir o indivíduo esportista. Caso tenha histórico "sujo", ele era barrado. Mas ninguém era obrigado a perder uma Olimpíada sem ser comprovadamente culpado.
Agora, as sanções tem sido preventivas. A ideia é desgastar Putin junto à população que votou nele. Imagina se vira moda?
Na democracia, todos pagam por erros da maioria. É do jogo. A Rússia, porém, não é uma democracia e é muito complicado que se exija que um atleta, um artista, repudie o autocrata do seu país de origem. Isso pode até representar risco para a vida dessa pessoa, da família dela.
Momentos de acirramento costumam expor algumas verdades escondidas na nossa sociedade. A russofobia, o "medo dos vermelhos", não morreu com o comunismo.
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