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Magic Johnson: astro nas quadras, nas séries e na vida
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Magic Johnson: astro nas quadras, nas séries e na vida

Maior armador da história do basquete, o norte-americano marcou a história também ao anunciar publicamente ter testado positivo para HIV em 1991. A vida dele é atestado de que é normal viver com o vírus
Magic Johnson assiste antes do jogo entre Golden State Warriors e Los Angeles Lakers em 5 de março de 2022 (Foto: Tyler Ross / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP)
Foto: Tyler Ross / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP Magic Johnson assiste antes do jogo entre Golden State Warriors e Los Angeles Lakers em 5 de março de 2022

Estreou no início do mês a minissérie "Lakers: Hora de Vencer", da HBO, sobre a era "Showtime" do time de basquete norte-americano. É o encontro de Magic Johnson com Kareem Abdul-Jabbar e Pat Riley, que virou livro de Jeff Pearlman e agora seriado de Max Borenstein and Jim Hecht.

E por mais que Abdul-Jabbar, talvez o mais politizado jogador de basquete da história, mereça um texto só para ele, o gancho da vez é no indiscutível protagonista esportivo da Los Angeles dos anos 1980: Earvin "Magic" Johnson.

Na era Lebron James, décadas após a ascensão de Michael Jordan a melhor da história, talvez seja difícil dimensionar o que era o armador de 2,06m. Mas ele transformou o esporte, com a rivalidade dos Lakers com o Boston Celtics de Larry Bird e cia, em negócio de sucesso. E por mais que a contribuição dele para o esporte seja lotada de superlativos, teve um outro passo que faz diferença a milhões de pessoas até hoje: ele ajudou o mundo a enfrentar o estigma contra o HIV.

Era 1991, quando a aids era vista como o "câncer gay" e assumida como atestado de morte. Basicamente, o diagnóstico positivo era certificado de ostracismo da sociedade. O HIV era o vírus da marginalidade, com a maioria dos casos entre homens homossexuais ou usuários de drogas. Gente, em suma, invisível. Algo que Magic nunca foi, até por sempre trajar um enorme sorriso no rosto.

Pouco importa como ele — ou qualquer outra pessoa — contraiu o vírus. O que virou fato foi a forma como o assunto atingiu novo patamar. Magic Johnson não foi o primeiro atleta HIV positivo, tampouco o último. O mergulhador Greg Louganis era soropositivo desde antes e só veio revelar anos depois, o que não o impediu de sofrer com a homofobia e o preconceito. Isso sem falar em outros nomes importantes que faleceram em decorrência da infecção, como o enorme Arthur Ashe, primeiro tenista negro campeão de um Grand Slam.

Era 1991 e só havia uma droga antirretroviral para combater o HIV quando Magic Johnson calmamente aceitou encarar o escrutínio público ao publicizar o diagnóstico. Teve de se aposentar, mas retornou às quadras, onde enfrentou o preconceito de outros colegas — Karl Malone sendo o mais verbal dos oposicionistas, apesar de se dizer arrependido da postura.

Em 30 anos, Magic provou que é possível viver com o vírus, ao mesmo tempo em que mostrou que não era uma doença restrita a nichos e "transviados". Hoje, existem dezenas de tratamentos que prolongam — normalizam — a vida de pessoas HIV positivas e impedem totalmente a transmissão para outros. Vírus indetectável é intransmissível. O que, claro, não barra o preconceito, calcado no moralismo.

O HIV, a aids, é uma infecção como tantas outras. Não é mais sentença de morte, não é motivo de vergonha, não deve ser alvo de estigma. 

Magic Johnson fez mais do que ganhar cinco títulos da NBA e três prêmios de MVP tanto das finais, quanto da temporada regular. Ele ajudou a mudar o mundo. Um passo de cada vez.

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