Suspensa por doping, ex-jogadora de vôlei aposta na lacração homofóbica para se eleger
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
"Cristã, evangélica, pelos valores familiares", famosa ex-jogadora de vôlei tenta nova carreira após ser virtualmente banida do esporte. Aos 33 anos, ela está no segundo ano de suspensão pelo doping que a tirou da semifinal e final olímpicas. Agora, seguindo os passos do homofóbico meio de rede Maurício Souza, ela mira no público conservador para tentar uma vaga no Congresso Federal.
A atleta foi apoiada pelo meio do vôlei — e até mesmo por Tiffany, a quem ataca de forma transfóbica há anos —, mesmo após o doping por ostarina, um anabolizante. Isso apesar da alegação esdrúxula de contaminação acidental de uma substância injetável. Ainda assim, ela prefere cuspir na cara de grande parte das colegas para promover uma agenda de exclusão.
O alvo de protesto da ex-oposta? O desenho Peppa Pig. A obra inglesa, conhecida por algumas decisões progressistas, apresentou ao público infantil um casal de duas mulheres. E, para a atleta condenada por trapacear, devemos fingir que homossexuais não existem para "proteger as crianças".
A resposta mais significativa veio de Sheilla Castro, a maior oposta da história do vôlei brasileiro. "Coincidência ou não, ontem minha filha me perguntou porque duas meninas se casam, e eu respondi que (é) porque se amam. E ela sorriu. Crianças são puras, nós que poluímos a cabeça delas. Espero que o mundo um dia aceite toda forma de amor", escreveu a bicampeã olímpica no Twitter.
A ex-oposta e hoje candidata bolsonarista recebeu o apoio de outra ex-jogadora de carreira razoável e que hoje vive de lacres conservadores. E perdeu Sheilla como seguidora. E Gabi, que a chamou de hipócrita. E Fabi. E Carol. E Rosamaria. E Roberta. E, atualmente, 15 mil seguidores no Twitter.
A tática era chamar atenção para no dia seguinte postar foto com o presidente Jair Bolsonaro, que em quatro anos de governo não fez rigorosamente nada pelo esporte. O que deixa a situação ainda mais triste. Ela rifa colegas, muitas delas LGBTQIA+, rifa apoiadores do vôlei, para fazer um gesto rumo a um público que ela espera que a eleja.
Em Tóquio, a oposta deixou a seleção na mão ao ser suspensa por doping. Naquele time, que conquistou uma prata heroica, haviam duas LGBTs assumidas, Carol e Carol Gattaz (e provavelmente outras, que têm o direito de seguir no armário). Era uma delegação de 18 atletas não heterossexuais, entra brasileiros de todos os esportes.
Essa delegação conquistou resultados históricos. Ela, não.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.