Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Artilheiro da Copa do Mundo de 1986 e atual comentarista da BBC foi afastado por criticar o governo e voltou ao ar após pressão de colegas e até jogadores
Até que uma revisão bibliográfica minuciosa prove o contrário, o futebol acontece no mesmo mundo onde vivemos. Cinismos à parte, jogadores de futebol têm um potencial enorme de atrair holofotes. Daí a grandeza do Rei Pelé, que, majestade em campo, provava que negros podiam ser muito melhores do que brancos.
Deve ser um sentimento de poder infinito. Se Neymar citar uma música, ela vai disparar de acessos. Quer ir numa festa exclusiva? Basta aparecer. Deu vontade de comer um sushi no Japão, um ceviche no Peru, uma paella na Espanha? Você pode arcar. E desconfio que se eles quiserem provar a carne de um animal em extinção, eles conhecem um parça que desenrola.
Imagina esse poder sendo usado para melhorar o mundo que compartilhamos? Em vez de desviar o olhar de cenários incômodos, fazer a população voltar a vista para injustiças sociais. É meio como vejo o jornalismo. Uma forma de direcionar as atenções do povo para situações que merecem tal atenção.
Ex-jogador e hoje apresentador de TV, Gary Lineker transita nessa fronteira entre jornalismo e esporte. Foi nesse trapézio que ele levantou críticas à política migratória do premiê britânico Rishi Sunak. Em suma, o projeto do governo do conservador filho de indianos e casado com indiana propõe que imigrantes detidos no Canal da Mancha sejam impedidos de pisar em solo inglês. Devem ser devolvidos ao país do qual fugiram — no caso atual, Ruanda — por fome ou medo. Vale lembrar que o maior motivo para a pobreza de países africanos é o imperialismo europeu. Mas divago.
Lineker criticou a retórica governista, comparando-a com a do regime nazista, que perseguiu, prendeu e matou judeus, romanis, homossexuais, comunistas.
A emissora estatal, então, afastou o ex-ídolo dos campos, atual astro das câmeras. E foi aí que a andorinha Lineker mostrou a capacidade de mobilização dos grandes nomes. Colegas da BBC e até jogadores promoveram um silencioso boicote à rede. Que acabou cedendo, "suspendendo a suspensão" do artilheiro da Copa do Mundo de 1986.
O verão ainda não foi totalmente feito. O projeto de lei segue como ameaça aos imigrantes. Lineker apenas direcionou a sua força a uma causa que a população rica tenta ignorar: a xenofobia.
Encerro com frase do jornalista-jogador. "Por mais difíceis que tenham sido os últimos dias, isso simplesmente não se compara a ter de fugir da sua casa por perseguição ou pela guerra para buscar refúgio em uma terra distante. É reconfortante ter visto a empatia de tantos de vocês diante da situação deles (imigrantes)".
Por aqui, no Brasil, sigo aguardando uma nota de repúdio de um jogador sequer sobre as acusações contra o parça Daniel Alves.
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