Triste aquele incapaz de se deliciar com o gol de Bia
clique para exibir bio do colunista
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Triste aquele incapaz de se deliciar com o gol de Bia
Fez-se poesia na estreia da seleção feminina brasileira de futebol
Foto: Brenton EDWARDS / AFP
Seleção brasileira feminina comemora um dos gols contra o Panamá
"Para Tamires / Para Debinha, para Adriana, para Debinha / Para Ary Borges e Bia Zaneratto". Parafrasear Chico Buarque, na imortal "O Futebol", não dá a dimensão do que foi o terceiro gol da seleção brasileira feminina contra o Panamá. Porque se lá o compositor fluminense descrevia o vai-e-vem inventado das tabelas de Mané Garrincha, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro, cá omito o legítimo passe de letra de Adriana para Debinha e a real ajeitada de calcanhar de Ary para o inimaginável golaço de Bia.
Não que as moças careçam de ser pareadas com os marmanjos de outrora. Elas têm vida e talento próprio. O problema é que faltam canções sobre os feitos delas.
O último dos craques versados por Chico morreu no ano passado. O maior deles, Pelé, "a Marta de gravata". Acontece que o compositor criou uma tabela imaginária entre ídolos do passado, enquanto anteontem a gente só precisou ligar a TV para se deliciar com o talento das meninas.
O terceiro gol da vitória por 4 a 0 do Brasil sobre o Panamá é daqueles que a gente decora cada passo. É como quando Clodoaldo recebeu de Gérson, driblou meio time da Itália e tocou para Rivellino. Este acelerou o jogo ao lançar Jairzinho, que viu Pelé livre na entrada da área. O Rei, quase displicentemente, rolou para o canudo de Carlos Alberto. Era o 4 a 1 na final da Copa do Mundo de 1970. Mas cá estou eu, de novo, tentando emparelhar Debinha e cia com Pelé e toda a trupe.
A gente compara por falta de recurso literário que dimensione a beleza do gol dessa segunda-feira com suficiente grandiloquência. Perdoem-me os superlativos hiperbólicos, mas é que houve quem desdenhasse da magia das meninas brasileiras que jogam bonito.
No fim, sempre vai haver aqueles que se negam a ver, mergulhados em cegueira ideológica — deve ser a malvada ideologia de gênero, ditando que só presta o que macho faz.
Fico lembrando daqueles que adoram cutucar o futebol feminino ao sugerir traves e campos menores sempre que acontece uma goleada e calam com essa primeira rodada de placares miúdos. Ou desdenham das goleiras e cegaram para os tantos pênaltis por elas defendidas.
As pessoas só dão aquilo que têm para dar. A Tamires, Debinha, Adriana, Ary Borges e Bia Zaneratto, eu dou minha felicidade. Que só vale até sábado, quando eu cobrarei bis.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.