Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Tem um mantra que repito sempre ao sugerir que as pessoas nunca deixem de crescer. Vale para as torcidas, que precisam parar de abdicar da sanidade em prol de uma vitória do seu grupo
Tem um sujeito por quem tenho muito carinho. Aliás, não só eu. Nove entre dez pessoas o definiriam como a pessoa mais gentil que já conheceram. A décima provavelmente usaria a palavra "cordial" para dizer a mesma coisa.
Competente, simpático, caloroso, inteligente. É um sujeito exemplar. Capaz de discursar sobre qualquer assunto com propriedade. Apesar de falante, é daquelas pessoas que faz você se sentir ouvido. É um poço de sensatez.
Menos quando o assunto é futebol. Para ele, o árbitro está em conluio com a CBF para prejudicar o time dele. Os bandeirinhas têm um prazer cruel em perseguir a equipe. O VAR? Foi feito para punir equipes médias e priorizar o "time grande". É uma eterna conspiração.
Pois bem. Se o futebol é capaz de corromper mesmo a mente mais sensata, o que dizer daquelas já com uma predisposição para sandices? O Fortaleza está no capítulo mais brilhante de uma história centenária e só me dá vontade de falar sobre o completo papelão que as duas maiores torcidas organizadas do clube vêm protagonizando.
É um espetáculo romano, com pães e circos, coliseus e gladiadores. Aliás, é pior. Os europeus pelo menos tinham a decência de tentar manter o banho de sangue dentro das "quatro linhas" do Anfiteatro Flaviano.
Se o futebol é circo, a violência é esse ópio das massas. Enterrado numa atmosfera extrema — facções; homicídios; sistema prisional em crise; territórios invadidos —, os torcedores acabam extravasando o sofrimento em ódio e barbárie. Até o sucesso do time parece atrapalhar os planos de "combate".
Eu desconfio que tem gente nessas torcidas frustrado por não ter desculpa para quebrar cadeira. Extravasar em si, em nome de um sentimento coletivo.
A raiva é intrínseca à experiência atual de mundo. O desafio é o que a gente faz com ela. Tem quem dirija a ira a quem torce para outro time. Tem os que dedicam ódio a quem tem outra maneira de homenagear o clube do coração.
Prefiro quem apenas abre uma aba oculta na própria personalidade para xingar tudo e todos numa rede social perdida da vida.
Que as torcidas organizadas cresçam com a adversidade e aprendam a agir como (coletivo de) adultos. Quando a gente deixa de amadurecer, a gente deixa de viver.
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