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Brasil, a ex-pátria de chuteiras
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Brasil, a ex-pátria de chuteiras

Já que perdemos a hegemonia do futebol, proponho adotarmos uma nova alcunha para definir o País
Brasil faz melhor campanha da história no Parapan ao somar 343 pódios (Foto: DOUGLAS MAGNO/CPB)
Foto: DOUGLAS MAGNO/CPB Brasil faz melhor campanha da história no Parapan ao somar 343 pódios

O Brasil fechou o Parapan de Santiago com 343 medalhas, sendo 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes, em desempenho que supera Lima-2019 como a melhor da história. A hegemonia tupiniquim é tanta, que vencemos mais modalidades do que Estados Unidos (segundo, com 55), Colômbia (terceiro, com 50) e México (quarto, com 29) juntos.

Ao final do evento, o Brasil ficou no topo do pódio 41% das vezes. Ou seja, somados, todos os demais países têm 59% dos 378 ouros. Um massacre.

Há anos o Brasil ameaça virar potência olímpica. É como se um país de dimensões continentais — quase tão grande quanto suas desigualdades — tivesse a obrigação de competir de igual para igual com nações ricas. Na prática, um país não avança por ter mais habitantes do que outro. A métrica é número de praticantes.

Em Tóquio-2020, tivemos uma campanha histórica com 7 ouros. Fomos o 12º melhor país na Olimpíada. A campanha, entretanto, empalidece se compararmos com a Paralimpíada, na qual o Brasil acumulou 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes, fechando a competição como o sétimo melhor do mundo. Só atrás de China, Grã-Bretanha, Comitê Paralímpico Russo, Países Baixos e Ucrânia.

Em fato, o Brasil é top-10 paralímpico desde 2008, quando o termo mais usado ainda era "paraolímpico". Na Olimpíada, o ápice foi o 12º lugar em Tóquio. 

Aí vem a pergunta. O que faz Brasil uma potência paralímpica? O que impede o Brasil do mesmo na Olimpíada?

Existem muitos fatos que precisamos pontuar. O primeiro é investimento. O fomento ao esporte sempre foi minguado — para além do futebol —, o que é um entrave para o crescimento de modalidades olímpicas. Mas o desporto paralímpico é ferramenta de reabilitação. Assim, o Sistema Único de Saúde (SUS) entra na equação. A Rede Sarah, por exemplo, realiza um trabalho exemplar.

O tamanho do país, o alto número de acidentes motociclísticos, a incrível capacidade da fisioterapia nacional, o baixo investimento de outros países. Tudo isso cria o mar de condições para sermos potência. E ainda é pouco.

O esporte olímpico é um trabalho de "formiguinha", de subsistência. De nutrir fenômenos para tapar o buraco da falta de uma política esportiva sofisticada.

Dizem que brasileiro não gosta de futebol. Gosta é de ganhar. Pois está na hora de torcermos pelos craques paralímpicos, já que o jejum de Copas do Mundo só aumenta.

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