Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Na final do Mundial de Clubes, o Fluminense irá enfrentar o inglês Manchester City, cujo presidente, estádio e principal patrocinadores são todos dos Emirados Árabes Unidos
O atual campeão inglês e europeu é emiradense. O detentor da taça do Campeonato Francês é catari. O argentino mais vezes melhor do mundo joga nos Estados Unidos. O português, segundo lugar em títulos de craque global, desfila em campos da Arábia Saudita — onde, diga-se, jogaria também o atleta brasileiro mais famoso, caso não estivesse contundido.
O mundo mudou. O que nem sempre é ruim.
Basta olhar para a Igreja Católica Apostólica Romana™. Hoje, sob o papa Francisco, aquela que foi a referência global de conservadorismo deu um aceno progressista ao permitir a bênção não litúrgica para gays e lésbicas. Não é aceitação de casamento igualitário ou mesma remissão do sentimento de pecado. É um abraço ao pecador — o ato mais cristão que deveria existir. E é um reconhecimento de existência. LGBTs existem, afinal.
Nisso, a gente se pega em alguns dilemas, que eu enquadraria como o complexo da superioridade moral. A mudança só é certa quando me agrada? É legal a Igreja dar uma nesga de luz progressista e é horrível ditaduras árabes usarem o dinheiro para limpar o sangue dos governos?
Aqui, não proponho solução. Redundo-me a questionar meus agrados. O Manchester City é vilão porque tem dinheiro dos Emirados Árabes Unidos. Mas o Newcastle tem grana saudita. O Chelsea virou novo rico com petrodólares russos. Arsenal e Liverpool investem dinheiro de bilionários norte-americanos. O do Everton tem ascendência iraniana. O Leicester City é meio tailandês. Wolverhampton tem um pé na China. O futebol venceu fronteiras. E eu me irrito por isso por xenofobia?
Digo isso porque parece normal um time crescer sob o jugo de antigos ditadores europeus. Ou alguém entabular carreira política abusando do poder de manipulação das massas que um clube oferta.
O futebol era a arte do improviso. Não só pelo drible, mas pela precariedade como negócio. É risível ler sobre as origens da Fifa e como tudo estava fundamentalmente errado. Hoje, o dinheiro sobra. Fortaleza e Ceará são milionários.
Futurologia não é meu forte. Otimismo também não. Mas, vai que o interesse árabe desperta valores de igualdade nas sociedades locais. Quem sabe ter o Messi jogando no quintal faça os EUA se tornarem um país menos ensimesmado. Quiçá a concorrência globalizada lime iniciativas corruptas de dominar o esporte.
A Copa do Mundo passada foi no Catar. Em 2030, será na Arábia Saudita — mesmo país onde está sendo realizado o Mundial de Clubes. O favorito ao título é financiado pelos Emirados Árabes Unidos. Muito mudou.
O que não mudou é o talento brasileiro. O Fluminense está na final.
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