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Crônica para os cronicamente online
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Crônica para os cronicamente online

O ecossistema virtual prega peças. A maior delas é criar uma dependência como fonte de informação, entretenimento e até de codependência emocional
Tipo Crônica
Controversa imagem que rendeu popularidade ao perfil Timberwolves Brasil no X (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Controversa imagem que rendeu popularidade ao perfil Timberwolves Brasil no X

A rede social outrora conhecida como Twitter foi tomada de assalto pelo fenômeno Timberwolves Brasil (@twolvesbrazil). No limiar entre a extrema ousadia e o extremo mau gosto, a página de fã emprestou popularidade para o modesto time da NBA — para o qual eu torço desde 2004. O próprio clube e páginas internacionais sobre basquete repercutiram imagens como um imenso lobo preso num looping no qual engole e desengole uma mulher. Conteúdo de qualidade (duvidosa).

Agora, nem o oráculo da Escriba do Umbral (@gobackto505) — o compêndio de tudo de (ir)relevante que acontece por lá — seria capaz de prever a velocidade com que a página sumiria, após um entrevero/romance/aproximação com uma moça cancelada no NBAtt por acusações de racismo. A treta que todo mundo acompanhou (e, ao mesmo tempo, ninguém ouviu falar), terminou com uma conta fechada, outra em hiato, BOs trocados e reuniões com delegados e Ministério Público.

Ninguém precisa entender a lógica da rede social dos apelidos insólitos e cancelamentos abruptos. Existe uma linguagem íntima entre quem transita de treta em treta. "Mais uma vez o DJ Alok de Aparecida deixou de se posicionar". "Vocês viram o último vídeo da Beiçola do Onlyfans?". "Não acredito nessa medida do Thatcher de Jockstrap". É aspecto cultural se sentir acolhido por entender referências bastantes específicas.

Mas falo aqui do X porque é a rede que ainda vivo. Que me pauta, seja na besteira, seja a partir dos fios minuciosos do Copa Além da Copa (@copaalemdacopa).

Costumo dizer que o Twitter é o fim do mundo. Tudo é exacerbado, tudo é desmedido, tudo é urgente. Em três segundos, Davi, participante do BBB, foi cancelado e perdoado pela turbe fanática após deixar escapar uma gota de homofobia durante uma discussão digna do reality show do caos. O "jogador" disse que "é homem, não viado", naquele clichê que cresci ouvindo e costumo contrapor com meu próprio gosto pelo barraco.

Rede social é algo que consome. O jornalismo também. É um fluxo de informação que nosso cérebro é incapaz de lidar.

Acho que, no fim, toda ferramenta depende do uso que se faz dela. É a medida entre consumir e ser consumido. Entre informar-se ou obssecar-se. Nisso, sinto que serei eu aquele que apagará a luz no fim desta moribunda rede social.

Dito tudo isto, eu realmente sinto muito se você entendeu qualquer referência deste texto. Deslogue por uma semana e volte duas casas do tabuleiro do cronicamente online.

Foto do André Bloc

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