Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Eu só vou conseguir voltar a ver um jogo de futebol direito quando assistí-lo dentro de um cinema, porque só assim consigo largar o celular por uma ou duas horas
Foto: Patrick T. Fallon / AFP
Rodrygo, atacante do Brasil, durante jogo diante da Costa Rica, pela Copa América
Não falta fio solto para acompanhar durante uma transmissão esportiva. Na segunda-feira, eu acompanhava duas ao mesmo tempo, o que multiplica o emaranhado de histórias que eu tentava sorver.
O Brasil buscava vencer a Costa Rica, time alérgico a atacar, na estreia da naturalmente insossa Copa América. E que está mais insossa do que nunca, num país pouco identificado com o futebol (EUA), em campos ridiculamente pequenos para não alterar as estruturas dos estádios desse país pouco identificado com o futebol.
É um campeonato alienígena. É como levar uma Copa do Mundo para, sei lá, o Catar. Não faz sentido esportivo.
Enquanto o Brasil batia, batia sem nada furar, eu assistia, com o outro olho, ao jogo sete da final da NHL, a mais antiga e irrelevante das ligas profissionais de esportes americanos. É que eu adoro hóquei no gelo. E, sim, eles podem brigar. Mas as "lutas" têm regras e nunca aconteceriam num jogo sete de final.
Fato é que o Florida Panthers abriu 3 a 0 na melhor de sete jogos. E o Edmonton Oilers empatou, puxado por Connor McDavid — o melhor ruivo do mundo. O time petroleiro, diga-se, podia ser o primeiro canadense a ser campeão da NHL em 30 anos. Não que eu quisesse isso. Torço para o Vancouver Canucks, rival eliminado pela equipe do melhor jogador do mundo.
E a minha ideia aqui era mostrar o quanto o mais irrelevante dos meus esportes favoritos pode ser tão mais interessante que o maior esporte da Terra. Até para justificar abandonar meu canhestro patriotismo para ver uma ruma de norte-americanos e europeus patinando atrás de um puck.
Mas, bem, não foi o hóquei que me distraiu do Brasil. Foi meu celular.
Eu só vou conseguir voltar a ver um jogo de futebol direito quando assistí-lo dentro de um cinema. Não pela dimensão da coisa toda. Mas porque só assim consigo largar o celular por uma ou duas horas.
O vírus que me corrói, o do excesso de informação, não me deixa me aprofundar em mais nada. É tudo mastigação de matéria rasa. Vejo esporte como se buscasse subsídio para montar um quiz sobre cada partida. Dados curiosos, básicos, aleatórios.
Com o celular, vem a ansiedade, tão presente nesta geração que virou até personagem de filme infantil sobre hóquei no gelo. Com a ansiedade, a gente precisa de mais entretenimento. Com mais entretenimento, mais celular.
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