Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Ralf Schumacher nunca foi tratado como um indivíduo, porque, para o mundo, ele sempre foi o irmão mais novo de Michael. Com seis vitórias na carreira na Fórmula 1, o ex-piloto alemão está empatado com Tony Brooks, John Surtees, Jochen Rindt, Gilles Villeneuve, Jacques Lafitte, Riccardo Patrese, Sérgio Pérez e Charles Leclerc como o 42º maior vencedor de Grandes Prêmios na maior categoria do automobilismo mundial.
Acontece que o irmão dele era o maior vencedor da história até poucos anos atrás. Oculto sob a imensa sobra do heptacampeão mundial, Ralf era quase uma nota de rodapé, figurando em manchetes sempre em companhia do irmão mais velho.
Em um post de Instagram, ele mostrou ao mundo que é ligeiramente diferente. Não quero me prender ao léxico, mas Ralf se declarou publicamente ao namorado, Etienne. Ele se junta ao britânico Mike Beuttler, o português Nicha Cabral e a italiana Lella Lombardi como ex-pilotos LGBTs. O único ainda vivo é o alemão.
Ralf recebeu o apoio público do piloto mais importante do mundo para ele. David Schumacher, de 22 anos, disse apoiar 100% o pai. É o mais importante. Mas podia ter mais vozes ecoando a coragem do alemão, né?
Ninguém é obrigado a levantar bandeira. Nem mesmo Ralf. Mas quão importante seria o atual tricampeão do mundo, o neerlandês Max Verstappen, lançar palavras de apoio. Ou o inglês heptacampeão Lewis Hamilton, que conhece como ninguém o desafio de ser uma minoria na categoria mais elitista do mundo, podia mandar um pouco de amor e resiliência.
Ou talvez um alemão da Fórmula 1? Nico Hulkenberg, nada. Um ex-piloto campeão? Sebastian Vettel, nien.
Vai ver Ralf Schumacher é um mala, não o conheço pessoalmente. Faltam histórias sobre gays trambiqueiros, dizem. Mas a sensação é que é difícil atravessar a rua por um ato de empatia. A maioria dos heterossexuais não compreende o peso que é se assumir.
Queria que Lionel Messi, referência para os demais atletas, tivesse se levantado e mandado todos se calarem, que cessassem com a música racista, transfóbica e xenofóbica direcionada a franceses e imigrantes franceses.
Ninguém é obrigado a se posicionar sobre tudo. Mas existe um patamar em que a gente precisa ter a generosidade de direcionar o olhar das multidões.
A Fórmula 1 podia ter feito a coragem de Ralf Schumacher ser mais vista. Messi podia fazer a Argentina lidar com o racismo dos próprios colegas, do próprio país.
Existem ídolos e existem heróis.
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