Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
As madrugadas estão mais longas no Pici. Nem a ansiedade que acelera os corações tricolores é capaz de despertar os torcedores do sonho surrealista pintado neste 2024.
Houve um tempo, não tem quem esqueça, que os sonhos eram mais modestos. Na verdade, o inconsciente tricolor só pedia para que o longo pesadelo de oito anos na Série C se encerrasse. Muita manga foi comida. E assim o Fortaleza foi, subindo um degrau de cada vez, a ponto do absurdo parecer normal. Pulando de sonho em sonho.
Hoje, o Fortaleza é o melhor time do Brasil. É bom repetir isso, porque amanhã pode não ser mais e a gente tem de aproveitar cada oportunidade que a vida dá de a gente mostrar orgulho. Ou até de mostrar inveja, porque o futebol é feito disso também.
Em aberta ameaça aos fanáticos mais cardíacos, o Fortaleza se permite sonhar com o trono. Coroar-se rei da savana, já que não há leões nas selvas.
O Fortaleza é um grande time pequeno. Gigante no Ceará, e até no Nordeste, mas miúdo frente ao dinheiro infinito de Botafogo, Palmeiras e Flamengo, que pretendem botar café no leite morno de boa noite e bons sonhos. São times que passam das centenas de milhões — oito zeros — em uma temporada. Repatria jogador do futebol europeu como se fosse um reforço da Série B do Cearense.
O sonhador daqui não tem nem selecionável. Fora um chileno e outro venezuelano. Os argentinos e brasileiros são desconhecidos de Dorival Jr e Lionel Scaloni. E, sendo sincero, os treinadores nem estão errados. O Leão do Pici é um time homogêneo, equilibrado, que permite que Vojvoda saque qualquer peça sem um prejuízo que o enterre.
A fase do Fortaleza não permite fastio. Concorrem mais de um sonho entre si. Tem ali a Copa Sul-Americana, cujo título escapou das garras em um pênalti perdido, e tem acá um Brasileirão, comumente intitulado de "o mais difícil dos títulos".
Hoje, o Tricolor do Pici já praticamente garantiu permanência na Série A. Meio que dá para dizer que próximo ano voltará a jogar competição internacional. Há quem arrisque falar que será certamente a Copa Libertadores. Mas não sou eu quem vai falar em título nacional. Bate na madeira três vezes, isola o pensamento para não dar azar.
É que acreditar demais tira sono. E a gente precisa dormir para sonhar por um dia a mais.
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