Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Importantes ou irrelevantes, eleições trazem consigo toda uma sorte de fatores imponderáveis. Afinal, o que definiu as derrotas do atacante brasileiro na Bola de Ouro e do bolsonarista pela Prefeitura de Fortaleza
Finda a parte do voto, conhecidos os laureados e os pospostos, o que resta é a conjectura sobre o que levou uns à vitória e outros à derrota. É a delícia do exercício retórico do "e se", temperado pela impossibilidade de uma resposta definitiva.
Será que foi o posicionamento antirracista que tirou a Bola de Ouro do atacante Vinícius Júnior? Ou será que a ferida é ainda mais profunda e é o racismo desnudo que explica a derrota do craque do Real Madrid na disputa do prêmio de melhor atleta do planeta (na temporada 2023/2024)?
Ou, talvez, ainda, tenha sido o fato de ele decepcionar na seleção brasileira que o impede de virar unanimidade global? Pode ser, mas Lionel Messi frustrou a torcida argentina por décadas, acumulando um mural de bolas de ouro, antes de decolar também com a camisa azul e branca.
Diz o editor-chefe da France Football que o fracasso do brasileiro se deu pela divisão de votos em jogadores do Real Madrid. Depois de Rodri e Vini Jr, os mais bem votados foram Jude Bellingham e Dani Carvajal, também do clube merengue. Aí eu lembro que o top-3 da Bola de Ouro de 2010 tinha três jogadores do Barcelona.
As provocações foram usadas como justificativa por alguns votantes, que escolheram o ótimo (mas nem de longe melhor do mundo) Dibu Martínez como melhor goleiro da temporada. Aquele mesmo que na Copa do Mundo comemorou com gestos obscenos.
A verdade está escondida nas nesgas de cada teoria da conspiração. São 100 votantes, cada um com um critério. Certo ou errado, pouco importa. Listar é um exercício de erro — mais errado do que quem lista, só quem leva a sério uma premiação como a Bola de Ouro ou o Oscar. E, como bem dito pelo Fernando Graziani ontem, o Real Madrid agiu como criança mimada ao boicotar a cerimônia. Ou pior, neymarzou o seu craque ao assumir institucionalmente as dores por uma decisão subjetiva.
A única forma de saber por que Rodri ganhou um prêmio para o qual Vini era favorito seria entrevistar os 100 votantes. E sob influência de um potente soro da verdade, porque nem no maluco mundo do século XXI as pessoas admitem agir sob influência do próprio racismo.
No fim, ao vencedor cabem as batatas, ao perdedor (e aos jornalista), as conjecturas. É como a eleição para prefeito de Fortaleza. Será que Evandro Leitão (PT) venceu porque um ex-assessor de André Fernandes (PL) se filmou torturando um leitão? Será que a eleição foi equilibrada por rejeição da torcida do Fortaleza ao neopetista, ex-presidente do Ceará? Será que a rejeição a Jair Bolsonaro entornou o caldo de seu apoiador? Ou será que o público só descobriu quem o candidato realmente é na véspera do pleito?
Falta só um potente soro da verdade e uma entrevista individual com 1.489.352 fortalezenses para termos uma resposta inviolável.
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