Quem deve decidir sobre o uso de campos sintéticos no futebol?
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
Quem deve decidir sobre o uso de campos sintéticos no futebol?
Grupo de jogadores veteranos se posicionou, nas redes sociais, contra os campos sintéticos no futebol profissional. Hoje, estádios de Botafogo e Palmeiras usam grama artificial entre os clubes da Série A
Foto: Reprodução / Instagram / David Luiz
Jogadores postaram a mesma imagem para criticar o gramado sintético usado por alguns clubes nacionais
Há anos, a gente cobra que os jogadores de futebol larguem o comodismo e passem a se posicionar. É um meio pouco unido e formado quase totalmente por sujeitos profundamente alienados — por vezes ignorantes de qualquer assunto alheio à própria individualidade.
Eis que surge um movimento, claramente orquestrado por uma elite de jogadores veteranos, para se posicionar contra o uso de gramados sintéticos em partidas no futebol brasileiro. Confesso que a antipatia pessoal por alguns dos tais líderes me fez rejeitar a proposta de pronto. Mas, refleti, talvez ali haja uma mudança.
Os atletas precisam ser ouvidos sobre a terra onde pisam com as chuteiras. Vai além de uma cartesiana — e importante — discussão sobre probabilidade de lesão. É sobre espetáculo, sobre ferramentas de trabalho.
Eles têm muito mais a dizer do que eu. Do que os clubes e cartolas que os empregam. Do que o sempre omisso presidente da CBF e as sempre coniventes federações estaduais.
Eu me lembro do tempo em que as dimensões de campo de futebol variavam a ponto de estádio X promover uma disputa com características mais apimentadas. Ou rememoro ainda a era pré-VAR, em que erros crassos eram até mais realidade do que as bizarrices de hoje. Levanto até o questionamento sobre partidas "na altitude", que forçam demandas físicas surreais para os profissionais da bola.
Acho que o movimento de Neymar, Thiago Silva, Lucas Moura, David Luiz e outros é positivo. Eles são as estrelas do picadeiro mais caro do mundo. O que não significa que um seleto grupo deve ditar o desenrolar da trama.
Espero que seja uma ação para gerar um debate. Como se os veteranos apertassem um nervo para obrigar a CBF a parar de ignorar o assunto e criar regras, padrões. Os clubes, donos do negócio, também têm papel central. Precisa ser viável para todos.
Muitos torcedores, principalmente de Botafogo-RJ e Palmeiras-SP, trataram o tema como ataque pessoal, pois seus clubes investiram neste tipo de tapete. Mas é entrar no ensimesmamento eterno do futebol. Nem tudo é sobre o seu time do coração.
O momento talvez seja de buscar legitimidade no movimento, indo além das lideranças autoproclamadas, em direção às autoridades eleitas que merecem ser ouvidas — ou melhor, organizar um plebiscito da classe trabalhadora sobre o tema. Hoje, talvez, seja o dia que os jogadores de futebol descubriram a importância dos sindicatos.
Se eles se moverem de forma coletiva, há legitimidade. Se não for assim, vai ser só um movimento de milionários mimados querendo que as coisas ocorram do jeito deles.
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