Ariadne Araújo é jornalista. Começou a carreira em rádio e televisão e foi repórter especial no O POVO. Vencedora de vários prêmios Esso, é autora do livro Bárbara de Alencar, da Fundação Demócrito Rocha, e coautora do Soldados da Borracha, os Heróis Esquecidos (Ed. Escrituras). Para além da forte conexão com o Ceará de nascença, ela traz na bagagem também a experiência de vida em dois países de adoção, a Bélgica, onde pós-graduou-se e morou 8 anos, e Portugal, onde atualmente estuda e reside.
A onda de encontrar um "match" perfeito entre as gôndolas de legumes e frutas dos supermercados chegou com força da Espanha. Chama-se MercaTinder, e está virando a cabeça de todo mundo. Inclusive editoras, livrarias e mesmo a Polícia Civil
Solitários, solitárias, aquela história de buscar “match” online no Tinder já era. Os espanhóis ensinam-nos que o amor pode estar, por exemplo, no supermercado. Mas, atenção, melhor entre 19 e 20 horas, momento em que, segundo o Google, estamos em boa forma para seduzir. Primeiro, ir à seção de frutas e legumes, para comprar um abacaxi. Não vale outra fruta. Alguns legumes podem ajudar, se buscas algo sério. Ou chocolates, para um sexo casual. Importante: virar o abacaxi de cabeça para baixo.
Com estes itens, o pretendente pode dirigir-se ao setor de vinhos — adotado como o novo local de engates, na Espanha — para um bate-bate informal de carrinhos. Viu alguém interessante? Finja que foi acidental o esbarrão do seu carrinho contra o dele ou dela. A coisa pegou de tal forma em Bilbao, Norte da Espanha, que o segurança do Mercadona precisou chamar a polícia para dispersar os jovens que bloquearam todo o setor de frutas e legumes.
Ao que parece, a imagem do abacaxi virado de cabeça para baixo é um velho símbolo usado pelos praticantes de swing, em contextos de viagens e férias. Assim democratizado, caiu agora no gosto dos jovens e das marcas, que surfam na ideia. Em campanha publicitária, um supermercado concorrente diz que encontros podem ser onde quiserem, mas casar é no Lidl. O Aldi, com seus produtos de mel, diz que a lua-de-mel é com eles. A Sagres convida para encontros no corredor das cervejas.
Editoras e livrarias lançam outras versões criativas, que conectam livros, cafés e preservativos. No lugar do abacaxi, a Pinguim lança o slogan “só saio com artistas” e recomenda livros-calhamaços para os que desejam relações sérias; livros de bolso para os interessados em amores de uma noite; histórias em quadrinhos para os desejosos de fundar família. Já a livraria Control, colocou junto à imagem do abacaxi virado a frase: “leva este que são capazes de esgotar”. As duas estão juntas na campanha de vendas de livros e preservativos.
Os desdobramentos bem-humorados são muitos. Gosto, em especial, do “post” nas redes sociais da Polícia de Segurança Pública, em Portugal. Na foto, um policial dá uma multa a um carrinho de compras (com o tal do abacaxi) que se chocou contra um outro. E a frase: “seja na via pública ou num corredor de supermercado, conduza com segurança”. Além de alimento diurético e ajudar no funcionamento do intestino, o abacaxi tem destas coisas — ao que parece, adoça o sexo.
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