Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição
Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição
2025 começou, mas uma tendência de anos anteriores continua em alta: cada vez mais a cooperação cede espaço ao conflito, seja ele comercial ou geopolítico. Em um mundo que já sente os efeitos antecipados da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, dinâmicas de acomodação se apressam em todos os continentes.
De guerras em curso no Oriente Médio e Ucrânia a realinhamentos geoeconômicos, a ordem internacional erigida no pós-Segunda Guerra Mundial sob a liderança dos EUA parece erodir a passos largos por ação dos mesmos Estados Unidos. Mas nesse mundo, como fica o Brasil?
Diante de cenários marcados por conflitos geopolíticos, aumento do protecionismo econômico e popularização do uso da força militar como instrumento político, o Brasil parece inerte entre uma agenda de política externa envelhecida e um ambiente doméstico que não enxerga para além do seu umbigo. Embora importantes relatórios sobre risco geopolítico – a exemplo do recém-publicado pelo Eurasia Group – relacionarem os principais riscos do Brasil a efeitos da ascensão de Trump e ao momento econômico (global e nacional), os desafios do país são mais profundos.
O Brasil pautou a sua estratégia internacional calcada no multilateralismo, atualmente em crise aguda, e na defesa do meio ambiente – cujos acordos e tradados tendem a perder ainda mais força com Trump. Nesse sentido, a liderança do Brasil na vindoura conferência do Clima (COP) será um desafio para a tração dessa agenda em um mundo em ebulição.
Por sua vez, a expansão do Brics, o qual o Brasil preside no presente ano, colocará o Brasil sob o desafio de manter-se e parecer ser neutro diante da competição sino-americana. Se esta condição poderá ser um risco, ao menos o acordo Mercosul-União Europeia poderá trazer espaços de resiliência diante de possíveis tremores na geoeconomia global. Contudo, essas mudanças – para o bem ou para o mal – tenderão a ter efeitos importantes para aquilo que os políticos têm no horizonte: as eleições de 2025.
Diante desse cenário do Brasil em um mundo mais conflitivo, vemos que não é apenas o governo Lula 3 que tem o desafio de se reposicionar em questões globais cuja nova administração Trump poderá ser disruptiva ou um catalizador de mudança.
O Congresso Nacional, que atualmente exerce força na agenda política nacional, peca e é omisso no debate público, na construção de alternativas de resiliência, segurança e desenvolvimento em um mundo no qual não poderemos escapar. Por isso, o principal risco geopolítico para o Brasil em 2025 é o disfuncional de seu sistema político no qual a crise tornou-se o estado de normalidade.
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