Logo O POVO+
Automóveis: distorções (e deslizes...) tupiniquins
Foto de Boris Feldman
clique para exibir bio do colunista

Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Automóveis: distorções (e deslizes...) tupiniquins

Brasil é o país do "salve-se quem puder" pois tem lei que pega e a que não pega...
Tipo Opinião
Lombadas: 97% delas desrespeitam o padrão estabelecido objetivamente pelo código de trânsito
 (Foto: DEIVYSON TEIXEIRA)
Foto: DEIVYSON TEIXEIRA Lombadas: 97% delas desrespeitam o padrão estabelecido objetivamente pelo código de trânsito

Piada... – Desde que foram tornadas obrigatórias, as estatísticas comprovam sua eficiência para proteger as crianças. Mas governo é incompetente e sem coragem de enfrentar o lobby das fábricas para regulamentar sua utilização exatamente onde elas são transportadas diariamente: vans escolares. Piada de mau gosto...

LatinNCAP – Quem decide se automóvel comercializado no Brasil oferece proteção adequada ao ocupante é uma entidade ... uruguaia. De comprovada baixa credibilidade, distorce resultados, testa modelos vendidos em outros países ou que já não são mais fabricados no Brasil e desrespeita seus próprios prazos ao alterar critérios. Deixa dúvidas quanto aos resultados de testes: há os carros que ela adquire no mercado ou os que realiza – acompanhados de polpudos cheques – a pedido das fábricas.

Inmetro - Um órgão do governo da maior importância para homologar e certificar produtos colocados à venda no mercado. Mas que perde a credibilidade quando homologa pneus remoldados sem exigências básicas de segurança, que derrapa ao permitir pneus recauchutados em motos, ao se restringir a homologar uma meia-dúzia de peças de reposição entre as centenas disponíveis no mercado, ao prorrogar “inexplicavelmente” por cinco anos a exigência de bombas nos postos à prova de bandidos.

Caminhão-Pipa? – Uma questão importante para o motorista ao decidir a compra de um carro é a capacidade (volumétrica) para bagagem. Existe um padrão internacional (VDA) com medição a partir de pequenos blocos com volume de um litro. A Stellantis o ignora e mede o volume do porta-malas com ... água. Que entra em qualquer canto e aumenta artificialmente o volume realmente disponível para bagagem.

Alcance – Quantos quilômetros roda um carro à bateria? Surgiram critérios de medição na Europa, na China, nos EUA. A maioria bastante otimista e que se “esquece” das enormes variações que reduzem significativamente a capacidade da bateria. O Inmetro estabeleceu o padrão brasileiro (mais pessimista, porém mais próximo da realidade) que pode não ser exato em termos absolutos, mas permite um referencial entre diversos modelos. Pois não é que a chinesa BYD desrespeita o padrão nacional e anuncia o alcance de seus carros de acordo com o padrão chinês?

Poder invisível – O mundo corre atrás de alternativas energéticas ao combustível fóssil. O Brasil é abençoado com opções extraordinárias, mas amaldiçoado por interesses econômicos inconfessáveis. E tome biodiesel em excesso que entope os motores. E tome etanol em excesso que agride o bolso do motorista ou o carro mais velhinho. Pois a decisão não resulta de análise técnica, nem do Ministério de Minas e Energia, nem da ANP, mas de uma poderosa entidade “invisível”, a bancada ruralista no Congresso.

Palito – Alguns equipamentos não são obrigatórios por lei, mas deveriam. Desde que surgiu o retrovisor externo controlado eletricamente, não se admite mais o comando manual, por uma alavanquinha. Em ultimo caso, o da esquerda é de fácil regulagem, pois o motorista está em sua posição natural. Mas o da direita é impossível ser ajustado sem ajuda de terceiros ou várias tentativas do motorista. Apesar disso, a VW cometeu o absurdo de eliminar o comando elétrico nos dois lados ao “depenar” o Polo Robust. Economia (porca) de palito...

Lombadas – São necessárias, como último recurso de governo sem recursos. Mas 97% delas desrespeitam o padrão estabelecido objetivamente pelo código de trânsito. Provocam acidentes, quebram componentes inferiores do carro e derrubam (já mataram) motociclistas. Além de aumentar desnecessariamente o consumo e as emissões.

Pra quê cinto? – Se no banco traseiro do automóvel sua utilização é desprezada, nos ônibus interestaduais não adianta o motorista se postar lá na frente antes da viagem: os passageiros sequer imaginam a possibilidade de um acidente “justo comigo”. E centenas já se feriram ou morreram nestas circunstâncias.

DPVAT – Chama-se agora SPVAT e será cobrado a partir de 2025 (pois o governo “perdeu” o prazo para que voltasse este ano). E continua a ilegalidade de ser recolhido para um banco e não para uma seguradora.

Multa do carro? – Quem comete a infração de trânsito é o automóvel ou o condutor? Se eu compro um carro de alguém que tenha cometido uma infração, porque a notificação pousa na minha mesa e não na dele?

PT – A rigor, o DETRAN tem a obrigação de informar se um automóvel se envolveu num acidente que tenha provocado danos de grande monta. Mas essa informação é exclusiva (e secreta) da comunidade de seguradoras, que não a divulgam publicamente em nenhuma hipótese.

ITV – São simpáticas, as BMV (Brasilia Muito Velha). Mas todos estes carros caindo aos pedaços que rodam por aí provocam congestionamentos (quando quebram), ameaçam a integridade de terceiros (por falta de freios), bebem e emitem excessivamente. Tudo porque falta ao governo autoridade e coragem para implantar a Inspeção Tecnica Veicular, que eliminaria estes calhambeques das ruas. Mas, o politico que tiver coragem de implantar a ITV vai certamente perder centenas de milhares de votos.

Mais Boris? autopapo.com.br

Foto do Boris Feldman

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?