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Mais respeito, por favor
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Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão

Mais respeito, por favor

O organizador do evento esqueceu que acessibilidade é feita para todos, e não apenas para quem tem deficiência
Tipo Opinião
Carlos Viana, repórter do núcleo de opinião do O POVO. (Foto: Carlos Viana)
Foto: Carlos Viana Carlos Viana, repórter do núcleo de opinião do O POVO.

Ao longo de quase duas décadas trabalhando com acessibilidade, tenho visto vários exemplos de desrespeito. Não só em relação às pessoas com deficiência, mas também com pessoas que dão duro para estudar e se capacitar para oferecer ao público com deficiência recursos de acessibilidade. No entanto, com o avanço das discussões sobre a necessidade de implementação de recursos de acessibilidade nas mais diversas áreas, e com os editais públicos exigindo que esses recursos estejam presentes, o desrespeito vem aumentando.

Dia desses, uma amiga intérprete, que também tem deficiência física, quase sofreu um acidente quando ia interpretar um evento. Após o incidente, um dos organizadores disse para outra pessoa que, na próxima vez, deveria saber quem era o intérprete para contratar alguém "que pudesse subir degrau sem cair". Porém, instantes depois, uma senhora que estava na plateia e não tinha deficiência, quase caiu no mesmo local.

O organizador do evento esqueceu que acessibilidade é feita para todos, e não apenas para quem tem deficiência. Se o local fosse acessível, não só a intérprete com deficiência física, mas qualquer outra pessoa, estaria livre de preocupações com o tal degrau. Em outro exemplo, outra amiga, também intérprete, explicou a necessidade de o evento contar com o mínimo de dois intérpretes. Por padrão, o intérprete de Libras precisa descansar após cerca de 20 minutos de trabalho. Ao saber disso, o organizador do evento, que já tinha achado elevado o valor cobrado pela profissional, agradeceu e disse que daria um jeito. O jeito dado não foi dos melhores. O evento até contou com intérprete, mas foi um que estudou Libras em um curso Tabajara.

Falando em dinheiro, esse é outro assunto polêmico. Toda vida que algum profissional cobra seu valor, geralmente definido por tabela, sempre aparece um gaiato pedindo para ser mais barato ou, pasmem, de graça. Ora, o profissional, seja ele intérprete ou audiodescritor, deu duro na vida, passando anos e anos estudando, se preparando para prestar o melhor serviço possível.

Portanto, vamos parar de tratar acessibilidade como algo insignificante, e dar mais valor aos profissionais e ao público com deficiência. Afinal de contas, inclusão não é um favor: é lei.

 

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