
Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Nunca pensei que um governo liderado pelo PT, partido que trouxe tantos avanços para as pessoas com deficiência, fosse ser mais cruel com essas pessoas que o Governo de Jair Bolsonaro. Mas é o que está acontecendo atualmente, com a proposta de corte de gastos enviada ao Congresso pelo atual governo.
Criado em 1993 pela lei 8.742, conhecida como Lei Orgânica de Assistência Social, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), garante uma renda de um salário mínimo às pessoas com deficiência e idosos acima de 65 anos que não tenham contribuído com a Previdência Social.
No entanto, de acordo com a proposta do Governo, o BPC só será concedido às pessoas com deficiência e idosos que são incapazes de terem sua independência e de trabalharem. Isso é um absurdo total. A maioria das pessoas com deficiência deseja ingressar no mercado de trabalho.
No entanto, devido ao preconceito, muitas delas recebem um sonoro "não" como resposta. E, quando conseguem um emprego, é para trabalhar em "cargos de entrada", conforme jargão do pessoal de recursos humanos. Infelizmente, a maioria das pessoas com deficiência, mesmo tendo nível superior, não conseguem ter ascenção dentro da empresa onde trabalha, passando anos a fio trabalhando no mesmo cargo.
Outra situação é a de pessoas com deficiência que moram no interior. Uma pessoa cega, por exemplo, que viva em uma cidade no interior do Ceará, não terá acesso à educação. Sem educação, não há qualificação.
E aí, vai trabalhar em que, sem qualificação e tendo uma deficiência? Sem falar que muitas oportunidades de emprego no interior são incompatíveis com várias deficiências. Já imaginaram entrar em um supermercado e encontrar um cego no caixa?
Se esse projeto for aprovado, inúmeras pessoas com deficiência, que têm no BPC sua única forma de sub existência, irão perder seus benefícios. Com isso, surgirão nas ruas e praças das cidades novos "Cegos Aderaldos", pessoas com deficiência que pedirão esmola para sobreviver.
Se o governo quer cortar gastos, que o faça em cima das "castas" que existem em nosso País, e não em cima de pessoas pobres, que já necessitam de ajuda do Governo para terem o mínimo para viver.
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