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A excelência na educação pede tempo
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Linguista e semioticista, professora da Universidade Federal do Ceará, com doutorado na Universidade de Liège (Bélgica) e pós-doutorado na Universidade de São Paulo

A excelência na educação pede tempo

Na busca de entender a grande diferença do Ceará, em particular, mas também do Nordeste, em geral - outros estados apresentaram resultados expressivos -, alguns atribuem o sucesso à dedicação dos professores e à participação dos pais.
Tipo Opinião
Carolina Lindenberg Lemos, linguista e semioticista, professora da Universidade Federal do Ceará, com doutorado na Universidade de Liège (Bélgica) e pós-doutorado na Universidade de São Paulo, coordenadora do Semioce - Grupo de Estudos Semióticos da UFC. (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Carolina Lindenberg Lemos, linguista e semioticista, professora da Universidade Federal do Ceará, com doutorado na Universidade de Liège (Bélgica) e pós-doutorado na Universidade de São Paulo, coordenadora do Semioce - Grupo de Estudos Semióticos da UFC.

Neste mês foi divulgado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica referente ao ano de 2023. O Ideb avalia de forma quantitativa a evolução da educação básica no país. Como vem sendo a regra, as escolas públicas cearenses se destacam no contexto nacional. A novidade este ano foram as primeiras notas máximas: 10 das 21 escolas públicas do ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano) que obtiveram nota 10 estão no estado. Os anos iniciais vêm sempre obtendo os resultados mais expressivos, mas, no contexto da média nacional, também nos níveis do fundamental 2 e do médio o Ceará foi destaque.

Na busca de entender a grande diferença do Ceará, em particular, mas também do Nordeste, em geral - outros estados apresentaram resultados expressivos -, alguns atribuem o sucesso à dedicação dos professores e à participação dos pais. Não podemos porém supor que os professores e pais nordestinos são mais dedicados e engajados que os do resto do país. É preciso uma explicação mais sistêmica.

O relato de uma das diretoras de escola trata de dedicação individualizada aos alunos, de funcionários que conhecem pessoalmente os pais, de dias reservados para formação continuada e para trabalho de avaliação do progresso dos alunos, de visitas da superintendência pedagógica. Ora, o que tudo isso tem em comum é tempo. É preciso tempo fora de sala de aula para que se possa fazer todo o trabalho que envolve o processo educacional de maneira ampla.

No Ceará, tudo isso fez parte de uma política pública iniciada em 2007: o Programa de Alfabetização na Idade Certa, que foi progressivamente se expandindo para todo o ensino básico e também para todo o país. Se o resultado de políticas públicas continuadas é evidente em números, sabemos no entanto que as condições de trabalho para os professores estão longe do ideal. Trabalham-se longas horas, com infraestrutura precária e, com isso, criam-se poucas condições para a criatividade e a experimentação do professor, aspectos que não apenas tornam o trabalho interessante para quem o faz, como se transfere ao aluno na possibilidade do prazer em aprender. O resultado positivo nos fatores quantitativos não pode ofuscar o fato de que ainda há muito caminho para que as condições de ensino e aprendizado nos níveis básicos sejam atraentes a professores e alunos.

 

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