
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros
Como tenho amplo leque de interesses quanto à existência humana, destino momentos em meu dia a dia a ler para me informar a respeito de vários assuntos relacionados a ela. Leio sobre cultura, esporte, política, economia, artes, educação, principalmente. Leio poetas, cronistas, contistas, romancistas (incluindo os que são proibidos por diretores de escolas). Leio analistas de política, de economia. Leio, o que me faz muito bem, uma vez que a leitura também tem o poder de nos redimensionar profundamente.
Nesse percurso, me permito saberes também em meios digitais, basicamente em mídias desenvolvedoras de conteúdos “não superficiais”. Tendo alguma proximidade com as redes sociais digitais, converso com amigos, posto e recebo vídeos e fotos, converso em chamadas de áudio e de vídeo. Frequento plataformas digitais musicais, escuto e participo de podcasts, participo de lives e assisto a algumas, vejo noticiosos em canais convencionais de televisão e no ambiente da Internet. Mesmo nesse trâmite, mais leio notícias, muito menos as “vejo” em telejornais. Sei de avanços nas ciências, da expansão tecnológica, de questões envolvendo o ambiente, da permanência na sociedade dos preconceitos, do extermínio de povo e outros temas de relevância.
Nesse processo, é natural chegar a fatos em torno de quem se faz muito visto na política. O recente ex-presidente americano, por exemplo, é um deles. Penso que, desde que se candidatou a primeira vez à presidência dos Estados Unidos, o mundo inteiro passou a ter alguma obrigação de saber das peripécias dele, pois acabam repercutindo em todo o funcionamento do planeta. Não tenho prazer em tomar ciência da trajetória dele nem das implicações trazidas por elas. Leio sobre os fatos relativos a ele como alguém que quer saber se o mundo anda bem ou se vai mal.
Leio sobre os fatos nos quais se envolve, mas não gosto de ver a pessoa. É, para mim, uma figura malacafenta. O jeito de andar – como se os espaços em volta lhe pertencessem; a maneira de olhar as pessoas – como que deixando claro que as vê de um lugar superior; a aptidão para falar sempre destilando arrogância, prepotência, boçalidade, agressividade me levam à visão de não se tratar de “pessoa do bem” (expressão repetida por muitos que lhe querem seguir os passos e que por isso cabem no mesmo “apreço” que tenho por ele).
Reputo a leitura como algo tão valioso para a sociedade que defendo haja acesso de todos, sem exceção, a ela. Penso, sim: por meio dela, seria mais fácil boa parte da sociedade perceber que as críticas ao projeto de lei visando a dar mais segurança aos motoristas por aplicativo partem de um grupo de direita que em anos recentes promoveu verdadeiro desmanche da segurança trabalhista no país.
Penso também ser a leitura facilitadora de rápida percepção da população que quem está divulgando ação obstrutiva da liberdade de expressão faz parte do mesmo grupo censurador de livros em escolas, ao mesmo tempo em que usa da agressividade e defende a pauta do armamento do povo, ampliando, assim, os ganhos das empresas de armas e facilitando a aquisição delas por quem não deveria a elas ter acesso e pondo em risco a vida de todo e qualquer cidadão.
A leitura exige mais atenção e concentração do leitor que os áudio-vídeos, os áudios e as fotos circulando freneticamente pelas plataformas e pelas redes sociais existentes no ambiente da Internet. A velocidade de transmissão e retransmissão desses mecanismos velozes de comunicação muitas vezes não nos permite refletir sobre algo que precisamos entender. O consumo rápido e fácil deles podem nos cobrir os olhos para vermos os malacafentos existentes por aqui, até em abundância, à semelhança daquele de lá.
Não os enxergando, podemos conceder a eles nossa procuração para nos representar em temas de nosso interesse como povo, como população, como sociedade, porém correndo o sério risco de que eles se apropriem da ideia de que podem fazer tudo o que quiserem, de acordo com suas vontades, esquecendo de nós, representados, até o tempo da eleição seguinte – atitude nefasta, nada republicana.
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