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Um brinde a nossa saúde
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros

Um brinde a nossa saúde

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Tipo Crônica

Você tem condições de pagar uma consulta médica no valor de R$600? E se forem duas, na mesma semana? Você dispõe de R$1.200 assim, no "pei e bufo" em favor de médicos especialistas. Eles certamente, após uma boa conversa, que pode até ser longa, lhe recomendarão alguns exames. Poderá pagar por eles também, assim no estilo "é pra já"?

Se você "nem se coçou" com o que leu acima, você faz parte de um seletíssimo grupo de pessoas desnecessitadas de plano de saúde. E que bom para você, que os planos estão cada vez mais querendo oferecer menos soluções de saúde para os pacientes seus clientes, cobrando mais deles. É como se praticassem uma “extorsão” legalizada, pois se cercam de seus advogados para defendê-los em demandas que surjam contra eles na justiça, e quase sempre ganham, além de se protegerem em leis a protegê-los, com feições de feitas exatamente para isso.

Os planos mais populares, é certo, prestam algum bom serviço para as populações mais necessitadas, pois barateiam consultas e alguns exames importantes difíceis de serem pagos sem uma ajudazinha. Mas, na real, a que custo e a que tempo? Nem sempre há razoabilidade entre um e outro, considerando as necessidades do paciente/cliente, o adoecimento e a especialidade médica buscada. No entanto, apesar de muitos contratempos, chateações e fatalidades, os planos de saúde ainda têm servido a uma parte da população não rica, mas acolhida na bolha classe média. Fora dela e distante das possibilidades dos acumuladores de dinheiro o que existe é o Serviço Único de Saúde – SUS.

Instituído no Brasil a partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988, tem por princípio oferecer a toda a população brasileira acesso irrestrito a serviços de saúde de forma integral. Na CF, em seu Artigo 196, está dito:

Artigo 196: Saúde é direito de todos. É dever do estado garantir a saúde por meio de políticas sociais e econômicas. O objetivo é reduzir o risco de doença com acesso universal e igualitário às ações de proteção e recuperação. (CF – 1988)

A criação do SUS deveu-se a uma ação do Estado brasileiro que enxergou a necessidade de que não somente poucas pessoas, porém toda a população nacional e estrangeira aqui residente tenha saúde plena, considerando as precisões de cada cidadão quanto às debilitações a lhe afligirem. Sua existência e funcionamento, em boa medida, está também relacionada a ajustadas outras ações envolvendo, por exemplo, habitação adequada às famílias servidas de saneamento básico definido por lei (Lei 11.445/07) como a abrangência de “serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos”, visando possibilitar condições de salubridade a todos.

Quanto mais salubridade nos ambientes em que vivemos, maior a possibilidade de proteção a adoecimentos. Quanto menos adoecermos, menos precisaremos ir aos postos de saúde do SUS e às clínicas conveniadas a planos de saúde que nos espoliam. Quem financia o SUS são os impostos pagos pelos brasileiros, com gerenciamento feito pelo Estado.

A saúde da população é um excelente motivo para o Estado não ser mínimo, como defendem arduamente pessoas bem abastadas e crentes de que não dependerão jamais nem do SUS e muito pouco de planos de saúde.

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