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Universo paralelo
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros

Universo paralelo

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Tipo Crônica

O cinema escancarou para a sociedade a difusão da ideia de existência de um universo paralelo em que o ser humano poderia transitar, realizar coisas, existir, enfim, em um espaço e tempo alternativo, diferente. Um universo em que o impossível no mundo real é plenamente possível, apesar de os acontecimentos se darem de maneira distorcida. Distorção em outro plano dimensional, paralelo, digamos, e recheada de “fictícios”.

A literatura também tem muitos títulos abordando o tema, mas, em comparação com o cinema, parece ter menos alcance em sociedades como as que respiram no Brasil, onde a leitura é considerada algo irrelevante até por “autoridades” políticas legisladoras e executivas. Essas “autoridades” legislativas revelam ser contra o avanço do conhecimento e legislam em favor do bloqueio da chegada da atividade leitora plena a todas as populações. Tais “autoridades” deixam claro serem elas próprias distantes até do ato leitor simples, poucas se aquecem no pleno.

As outras “autoridades” referidas, assinam embaixo e dificultam o mais que possam as melhorias na educação de crianças e jovens, principalmente impossibilitando a ampliação de bibliotecas existentes e impedindo a construção de novas. Algumas ainda se permitem o ato de censurar livros e autores nas escolas e nos sistemas de ensino que dirigem. Fazem isso despudoramente, até mesmo afirmando que o livro censurado não foi lido por elas, tampouco o autor lhes é conhecido. Um desrespeito para com as crianças, os jovens, os livros, os autores, as sociedades.

Na TV dos anos 1960/1970 (hoje em algumas plataformas digitais) fizeram muito sucesso nos rincões brasileiros séries como "Perdidos no espaço", "Túnel do tempo". Os episódios sempre colocavam os personagens em situações que estavam bem além da realidade imediata deles. Todas as experiências de vida dos personagens se davam em espaço e tempo jamais imaginado por eles. No “Túnel do tempo”, ia-se de um momento presente para um passado ou um futuro surpreendente, inesperado. Em “Perdidos no espaço”, as aventuras eram sempre no enfrentamento a situações inusitadas em planetas e asteroides. Vidas existindo em universos paralelos.

Já em anos recentes chegaram a nós filmes como "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo", "O confronto", "Homem Aranha: sem volta para casa", por exemplo, além dos icônicos "Blade Runner", "O exterminador do futuro" e "Matrix”, todos com enredos desenvolvidos contemplando a existência de mundos alternativos. “Matrix”, inclusive, com a famosa cena da escolha da pílula – extraordinária cena e espantosas reflexão e decisão a serem realizadas por Neo em pouquíssimo tempo. O que veio depois da decisão os que assistiram ao filme sabem bem.

O "multiverso" – nomenclatura recente advinda dos avanços tecnológicos e que busca tornar a ideia de "mundo paralelo" algo mais palatavelmente "popular" nesses tempos de virtualidade digital – põe-nos todos, sem exceção, dentro de experiências de vida as quais, muitas vezes, exigem reflexão do tipo “Será mentira?”, “Será verdade?”, “Isso é real?”, “Isso existe mesmo?”. Realidades e irrealidades estão existindo em nossa contemporaneidade como gêmeos ou gêmeas univitelinas de difícil distinção.

Grupos que se associam como concentradores de poder estão se beneficiando do multiverso, algo que cientificamente ainda carece de confirmação. O jogo social e político, porém, já nos avassala há algum tempo e nele sempre tem havido ganhadores e perdedores. A população, como uma grande extensão de pessoas com várias carências, está entre os que perdem. Políticos, grandes empresários, investidores estão entre os que ganham – e muito.

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