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Por que não eu?
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros

Por que não eu?

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Tipo Crônica

Canção composta por Leoni / Paula Toller / Herbert Vianna, Por que não eu tornou-se sucesso nacional lá por meados dos anos 2000. Popularizada nas vozes dos três compositores e intérpretes, a balada sugere desencontros amorosos de um eu lírico apaixonado e posto diante de seu amor platônico. A letra da música pontua, em repetição, o questionamento do amante não correspondido: por que não eu?

A balada, revestida do estilo pop-rock brasileiro, nos embala com sua melodia aprazível de ouvir e nos alcança com sua letra de rápido aprendizado a se guardar em memória afetiva. De certa maneira, nos deixa encantados de tal modo que a cantamos com certa empolgação, às vezes sorrindo, mas sempre tomados pelo ritmo leve, também deleitoso e alimentador do corpo dançante. Dançamos, enquanto nos tornamos também cantores dos versos reveladores de desilusão amorosa.

Em viés político, onde a desilusão se configura como algo nada amoroso, eu me pergunto: por que não eu? Por que não você? Por que não nós? Por que sempre “eles”? Por que sempre eles no comando? Por que sempre no comando alguém que “eles” desejam comandante? Por quê? Você tem alguma resposta razoavelmente bem explicativa? Dizer que é meritocracia não vale, pois isso é somente mais uma artimanha para que tudo fique como “eles” querem que esteja.

"Eles" são exatamente aqueles que cabem dentro de uma pretensa oligarquia, em alguns casos, uma quase perfeita casta. "Elite", segundo o discurso corriqueiro em vários setores da sociedade. “Eles” querem tudo para “eles” e nada para os outros – "outros" somos nós que cabemos naquele grande grupo intitulado população. A nós, migalhas, "concedidas" por "eles", na condição de que tudo fique sob controle – deles. Não tem muito para onde a gente correr em meio a tudo o que fazem.

No viés político, de vez em quando é-nos concedida alguma possibilidade de escolher algo que seja bom para nós e esse algo se reveste de tanta importância que até “eles” nos procuram ferozmente, no intuito de nos convencer de que o melhor para todos é que “eles” permaneçam onde estão. É uma oportunidade de muita relevância, pois em uma eleição podemos escolher quem será por nós depois de eleito, dizendo não “àqueles” que nos consideram pessoas a se venderem por qualquer vintém.

“Eles” sabem muito bem o que querem, sempre sabem. O que queremos nós?

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