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Ahhhh, Zeus...
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira. É autor dos livros

Ahhhh, Zeus...

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Tipo Crônica

Na mitologia grega, a caixa de Pandora, quando aberta, seria esvaziada das maldades nela guardadas por Zeus, sigilosa e ardilosamente, e elas se espalhariam pelo nosso planeta, instaurando, na humanidade, desencontros, discordâncias.

A caixa foi presente do “pai” Zeus à “filha” Pandora, esta gerada maravilhosamente “em laboratório” por outros deuses a pedido do deus maior, o Zeus. Pandora não viveria no Olimpo, mas seria destinada à Terra para viver na humanidade.

A caixa foi presenteada com a recomendação de que Pandora não a abrisse. Que maldade, heim, Zeus? Para se vingar de Epimeteu e Prometeu – este, ladrão do fogo em favor dos homens, no intuito de que se tornassem superiores aos outros animais viventes na Terra – entrega a filha a Epimeteu e a presenteia com dádiva a não ser conhecida, explorada.

Há ditado dizendo “A curiosidade mata”, não é? Pandora não poderia não abrir a caixa, uma vez que dotada de curiosidade. Contudo, naquele exato instante do descumprimento do alerta feito maldosamente, morreu-lhe a inocência, trazendo consequências graves.

Na trama, Prometeu beneficiou os homens sem a aprovação de Zeus que, sendo o deus maior, não gostou nada da insurgência de quem seria menor que ele. Entregou, então, a filha ao irmão de Prometeu, indo, junto com ela, como prenda, a caixa que não "deveria" ser aberta. Mas foi. Pandora não resistiu à curiosidade de saber o que havia guardado dentro dela. Deu no que deu: a libertação de todos os males existentes para “danar” a vida humana.

Presente de grego, hein, Zeus? Como presentear a filha que se casa e dizer a ela que não pode usufruir do presente a ela destinado? Hummmm... Tudo de caso pensado, não foi mesmo, Zeus? Pois então, por não resistir ao desejo de saber o que se escondia na caixa, Pandora abriu-a e inconscientemente possibilitou à vivência humana a experiência de conviver com as iniquidades nela postas pelo deus maior, o pai Zeus. Muito estranho esse pai que age perversamente contra a própria filha.

O mito da existência da caixa de Pandora atravessou os tempos e hoje fico pensando que alguém com poderes extraordinários – serás tu de novo, Zeus? – resolveu abri-la aqui no Brasil, marcadamente a partir de 2014. Foi nesse ano que o país começou a viver novos tempos de maldades, de prepotência, de violência, de desumanidade, enfim, destacadamente provocados por parte de políticos interessados em vilipendiar o país em associação com aquilo que se convencionou chamar "elite econômica".

Sem equívoco, quem perde, como sempre, é a população, que fica distante do poder de ordenar acontecimentos propícios, do domínio de suprir as carências existentes, da faculdade de se beneficiar de tudo quanto poderia lhe fazer bem, lhe trazer uma existência melhor.

O povo brasileiro, que costuma ser abraçado nas ruas em época de eleição (como por agora), que é citado pelos eleitos quando lhes é conveniente dizer que foi consagrado nas urnas por esse mesmo povo, bem, ele sofre as maldades, as inúmeras iniquidades, as repetidas crueldades, as insistentes perversidades de quem é colocado naquilo a que se convencionou chamar de “poder político”.

Implementa-se a “elite” que manda e que vilipendia, que se apropria de tudo, enquanto castiga os que estão distantes dela. A bota no pescoço ainda subjuga a população.

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