Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Talvez nunca tenha havido antes na história política de nosso país um congresso nacional tão antipovo como esse que começou a se firmar a partir de 2018.
Há, nesse congresso, deputados e senadores que declaram desavergonhadamente terem sido eleitos legitimamente "pelo povo", no intuito de legitimar tudo o que façam a partir de suas decisões. Enganam! Primeiro porque não foram eleitos "pelo povo", mas por parte dele – a generalização com intenção de escudo não é premissa verdadeira. Segundo porque a parte do realmente "povo" que contribuiu com o voto para os eleger não os apoiaria, se soubesse o que eles fariam contra o "povo".
O final de 2024 foi muito ruim para “o povo”, enquanto parlamentares se preocupavam em comemorar decisões que se configuraram ruim para o "governo", implicando em prejuízos para as populações brasileiras de maior carência e em benefícios para a ínfima parcela de população encastelada em sua condição de "elite".
Muitos deputados e deputadas, muitos senadores e senadoras parecem estar bem sentados em algum cômodo confortável da "elite", pois declarar, com ênfase, "representar o povo que o elegeu legitimamente" se reveste como escárnio, quando sabemos o que têm feito nas casas legislativas para a manutenção das condições de vida miserável das populações carentes, ao mesmo tempo em que ampliam as condições de existência em riqueza da pequena parcela populacional acumuladora de bens materiais – mansões, fazendas, apartamentos de luxo, veículos caríssimos, aplicações no mercado financeiro... – que a torna cada vez mais rica.
De fato, o congresso nacional tem se constituído nos últimos tempos como casa não de parlamentares imbuídos da convicção de legislar em favor do “povo”, mas em residência de grupos organizados para favorecerem interesses deles mesmos e de outros aos quais estão próximos. Por isso se fala em "bancada da bala" (que defende, entre outras coisas, o armamento), "bancada do agro" (que tem em suas ações a liberação de agrotóxicos para as lavouras), "bancada dos evangélicos" (defensora de pautas de "bons costumes" e "conservadorismo", além da imbricação de sua religião com a política, pondo em prática a "teoria do domínio" etc. etc. etc.). Quando paramos para ver o que estão fazendo lá... Nossa!!! Como se sentem à vontade para se declararem representantes do “povo”, pisando sobre ele suas botas opressoras?
O que muitos propõem, defendem e decidem pôr em leis não se coaduna com os desejos das populações que carecem de boas e eficientes políticas públicas, as quais assegurem melhor sistema de saúde para todos, melhor sistema de educação básica, melhor sistema de habitação popular, melhor e mais eficiente sistema de segurança pública, porém favorece indiscutivelmente a si mesmos e àqueles já abrigados em riquezas desejadas para serem mais amplas. Em muitas situações, pessoas próximas e muito próximas a eles são beneficiadas também, fato que, de um modo ou de outro, os beneficia direta ou indiretamente.
A recentemente aprovada emenda constitucional 132/23 referente à reforma tributária protegeu novamente os mais ricos, que estão desobrigados de pagar alíquotas por suas fortunas, enquanto os mais pobres ficaram privados de terem a possibilidade de verem reduzidos seus percentuais de impostos de renda, ou mesmo aliviados da obrigação de pagar tais impostos, exatamente por terem menos renda pelo fato de serem assalariados com limites de ganhos.
No congresso, sob a alcunha de "deputado/deputada" e "senador/senadora" estão médicos, policiais, empresários e outros representantes de categorias funcionais que em tudo o que fazem deixam de fora "o povo" que alegam representar. Em 2026, boa parte deles nos procurará novamente, nos querendo seduzir para obterem nosso voto. Que resposta daremos a eles?
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