Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Quando conheci Luciano Almeida Franco, em noite de sarau lítero-musical em minha casa, tive a sensação de que daquele momento em diante uma nova e boa amizade poderia nascer e, com o tempo, se tornar sólida. O passar do tempo confirmou essa pré-visão.
Nos primeiros tempos pós sarau em casa, os reencontros ocorreram de maneira esparsa em outros saraus e em outros endereços, mas já acontecendo a aproximação entre esse poeta e aquele violonista, as afinidades falando mais alto e dando fluxo ao caminho que arrimaria a amizade.
Dias após o primeiro encontro, em 2014, os notívagos sarauenses se reuniram em um grupo no aplicativo WhatsApp sob a denominação “Sarau da Amizade” e, por ele, foram marcando novos e novos encontros para festejarem a literatura, a música, baco e, é claro, a amizade cevada a motivações comuns. Naturalmente, esse Chico já se sentava ao lado do maestro nas festividades, soltando sua voz, ainda com timidez, em acompanhamento aos acordes vindos do violão. E haja encontros... E haja festas...
Mas eis que a pandemia deu o ar de sua desgraça. O afastamento social veio e, por óbvio, as reclusões em casa se tornaram imperativas, pelo menos para quem não queria arriscar a vida contrariando a ciência e dando crédito a mau gestor arrogante e incompetente.
Nesse instante de dificuldades várias, inclusas as adversidades psíquicas, Luciano Franco e eu nos interconectamos definitivamente, nos propondo a composição de canções em parceria, algo que já ocorria timidamente, mas que queríamos intensificar, ampliar. E assim foi. Alguns poemas meus se tornaram letras para melodias dele, ao mesmo tempo em que melodias compostas pelo maestro passaram a receber letras minhas.
Como aconteceu com muitos compositores e outros artistas brasileiros naquele período infausto, marcado não somente pelo medo da morte causada pela doença, mas também pela tristeza profunda de perder familiares, parentes e amigos para ela, a música, a poesia, a união delas no desenvolvimento de canções nos salvou de profundos abalos psíquicos.
Muitas pessoas dizem que os sonhos nos levam à frente em nossa existência. Luciano Franco e eu sonhamos algumas canções e as realizamos e, enquanto elas se faziam, sonhamos um CD onde pudéssemos agrupá-las e oferecê-las ao público apreciador de música. O CD ainda não se tornou possível, mas desde o começo da semana o álbum Sonho é pra sonhar já pode ser apreciado em plataformas digitais musicais.
Das composições que fizemos, selecionamos 13 para esse álbum, contando com a arte do artista plástico – e advogado – Euclides Themotheo para a ilustração da capa, também do companheirismo do poeta e compositor – e advogado – Luís Lima Verde que realizou o trabalho de subir nossas canções para “as nuvens”, tornando-as acessíveis ao público interessado mundo afora.
Sonho é pra sonhar, em consonância aos versos de “Prelúdio”, de Raul Seixas – “Sonho que se sonha só / É só um sonho que se sonha só / Mas sonho que se sonha junto é realidade” –, tem suas canções nas vozes dos seguintes intérpretes: “A tarde”, na voz de Edinho Vilas Boas; “Sonho é pra sonhar”, interpretada por Ingrid Sales; “Poema para Bárbara”, cantada por Chico Araujo; “A mordaça”, na voz de Gilmar Nunes; “Acima de tudo”, no canto mavioso de Marina Cavalcante; “Minha volta”, também na voz de Chico Araujo; “Puro amor”, sob o encantamento interpretativo de Idilva Germano; “Tua presença”, na insistência cantante de Chico Araujo; “Pensei num xote”, na alegria de Paulo Viana; “Ao tempo certo”, cantada pela encantadora Yayá Vilas Boas; “Fluxo das águas”, fluindo no canto experiente de Tailândia Montenegro; “Desatenção”, na voz grave de Arnaldho de Sá; “Resplandecer”, sob o timbre do vozeirão singular de Juruviara.
O agora inequivocamente meu parceiro musical Luciano Almeida Franco, além de melodista é também o arranjador das canções e, em quase todas, tocou piano (exceto naquela que dá título ao álbum, pois recebeu a sonoridade de Adelson Viana), órgão em “A mordaça” e, ainda, pôs Strings em “A tarde”, “Poema para Bárbara”, “Tua presença”, “Ao tempo certo” e “Desatenção”. Também em quase todas tocou seu conhecido violão (exceto em “Pensei num xote”, porque nela o instrumento foi tocado por ninguém mais, ninguém menos que o talentosíssimo Alan Kardec). Em todas, Luciano tocou o baixo elétrico. As baterias ficaram nas batidas seguras de Paulinho Santos.
O plantel de músicos participantes das gravações de Sonho é pra sonhar ainda contou com Robson Lima (trompa, em “A tarde”), Jair Dantas (acordeom, em “Minha Volta” e “Fluxo das águas”), Zé do Norte (acordeom em “Pensei num xote”), enquanto as percussões foram realizadas com o toque peculiar de Rossano Cavalcante (“Pensei num xote”) e Harisson (“Minha volta” e “Fluxo das águas”).
Sonho é pra sonhar é um trabalho musical iniciado em 2020, sem muitas pretensões, mas que ganhou forma, sentido e aspiração a partir de 2023, quando tiveram início os primeiros registros em estúdio. Prosperou, adolesceu, firmou-se e agora está à disposição nas plataformas digitais musicais de quem se interesse por ouvi-lo, assegurando-se de que a maior propriedade de um sonho como esse é a sua realidade transformada em ação.
Sonhamos. Realizamos. E agora é com vocês. Boa audição a todos.
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