
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
No universo do futebol brasileiro, uma discussão tem se restabelecido a cada novo dia, com ares de “polêmica” gerada pela imprensa esportiva, após a dispensa de Dorival Júnior do comando técnico da seleção brasileira: quem será o novo comandante da canarinha?
No debate, já meio enfadonho, uma questão tem sido recorrente: o novo treinador deve ser um brasileiro ou um estrangeiro com relevância no esporte? Naturalmente, no meio futebolístico, há quem defenda a ideia de que o novo dirigente técnico tem de ser um brasileiro, uma vez que no Brasil sempre houve profissionais de competência na profissão.
Há também quem esteja defendendo a tese de que o melhor para a seleção brasileira é ela ser comandada por um treinador estrangeiro e, nesse âmbito, algumas proposições têm sido feitas: preferencialmente, o estrangeiro deve ser o português Jorge Jesus, ex-treinador muito vitorioso no Flamengo e hoje trabalhando pelo mundo árabe, no Al-Hilal; mas, se não for ele, pode ser o também português José Mourinho, atualmente à frente da equipe do Fenerbahçe, da Alemanha.
Caso nenhum dos dois portugueses seja confirmado “professor” da seleção brasileira, o italiano Carlo Michelangelo Ancelotti é também considerado um “grande nome” para a função, embora, atualmente, siga treinando o Real Madri. Além dele, o também italiano Roberto Mancini é apontado como possível profissional comandante. Vitorioso como futebolista e como técnico, no momento Mancini está com função administrativa no Sampdoria, clube italiano.
Em meio a essa questão relevante para quem aprecia o futebol, me pergunto: as atuações pífias da seleção canarinha se devem a incompetência de treinador ou são obtusas pela falta de qualidade de jogadores convocados? Dorival Júnior – o treinador recentemente defenestrado do posto de comandante de atletas convocados sob a aura de excelentes jogadores – foi conduzido ao posto de treinador da seleção por apresentar qualidades para o cargo? Antes dele, quais as competências de Fernando Diniz para ter chegado à seleção brasileira? Enquanto técnicos, convocaram jogadores realmente qualificados?
Em pesquisa realizada pela TV Globo no momento do jogo Atlético (MG) X São Paulo, em 6 de abril recente, 66% dos telespectadores disseram preferir técnico estrangeiro, recebendo do narrador Luís Roberto fala apoiando esse percentual, ao dizer "eu já sabia". O jornalista e também locutor esportivo Galvão Bueno, dias depois, como em contraponto, disse ver em Rogério Ceni e Roger Machado condições suficientes para assumirem a canarinha. Qual dos dois estará mais certo em suas opiniões?
De onde vejo, venho tendo, há muitos anos, a impressão de inexistir convocação de jogadores com o perfil técnico desejado, com a atenção tática necessária, com a condição física adequada, com o respeito justo e imprescindível às orientações de quem os comanda. Tenho sempre a sensação de não haver empenho de muitos jogadores nos jogos em que vestem a camisa da seleção brasileira. Em seus clubes, normalmente, “se matam” em campo. Na seleção desaprendem tudo o que sabem?
Não vai adiantar a contratação de técnico estrangeiro, se ele não tiver a liberdade necessária para comandar os atletas que convoque, “peitando” até, quem sabe, os patrocinadores “influenciadores”.
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