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Consciência Negra todos os dias
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Reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), é graduada em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), doutora em Engenharia Elétrica e da Computação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Pós-Doutorado, no Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA)

Consciência Negra todos os dias

Não é uma data apenas para celebração da cultura e história afro-brasileira, mas também é um convite à ação. Para combater essas desigualdades, é fundamental fortalecer as políticas públicas que promovam inclusão e justiça racial
Tipo Opinião
(IN)CONSCIENCIA NEGRA - Logo (Foto: Cristiane Frota)
Foto: Cristiane Frota (IN)CONSCIENCIA NEGRA - Logo

O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data para a reflexão sobre as desigualdades enfrentadas pela população negra no Brasil. Em 2024, pela primeira vez, tivemos um feriado nacional dedicado à data, em reconhecimento à luta por justiça e igualdade racial. No entanto, ainda há muito em que avançar.

Embora representem 56,7% da população brasileira, pessoas negras ainda enfrentam barreiras profundas no acesso ao ensino superior e às posições mais valorizadas no mercado de trabalho. A Lei de Cotas representou um passo importante para a inclusão de pretos e pardos no ensino superior, ampliando significativamente a presença de estudantes negros nas universidades, que atualmente é de 48,3%, de acordo com o IBGE. Esses avanços refletem o impacto positivo das políticas de inclusão na ampliação das oportunidades educacionais, no entanto, no Censo da Educação Superior 2023, somente 38,3% dos estudantes se declararam pretos, pardos ou indígenas, enquanto 12,5% não informaram cor/raça.

Quando analisamos a composição do corpo docente, a disparidade é ainda maior. Apenas 2,9% dos professores universitários se autodeclaram pretos, enquanto pretos e pardos somam 21% do total de docentes nas instituições de ensino superior. Esse dado revela a exclusão persistente em posições de poder e influência acadêmica, reforçando a necessidade de políticas que promovam a representatividade racial também entre os educadores.

No mercado de trabalho, as desigualdades são alarmantes. A população negra é maioria entre trabalhadores informais (45,2%) e desempregados. Mesmo com ensino superior, trabalhadores negros recebem, em média, 32% a menos que seus colegas brancos. Ao longo da vida laboral, essa diferença pode alcançar R$ 1,1 milhão, um reflexo brutal da discriminação estrutural.

Além disso, os negros estão sub-representados nas profissões mais bem remuneradas, ocupando 27% dessas posições, enquanto são maioria (70%) nas ocupações com os menores salários. As mulheres negras, em especial, enfrentam múltiplas camadas de desigualdades, recebendo, em média, 38,9% a menos que mulheres não negras e sendo 66% das empregadas domésticas no país, e no geral, com remuneração inferior a um salário mínimo.

O Dia da Consciência Negra não deve ser apenas um momento de celebração da cultura e história afro-brasileira, mas também um convite à ação. Para combater essas desigualdades, é fundamental fortalecer as políticas públicas que promovam inclusão e justiça racial.

É urgente a adoção de medidas que assegurem a permanência de estudantes nas escolas/universidades, equidade salarial e condições dignas de emprego para trabalhadores negros. Programas de formação, acesso ao crédito e incentivo ao empreendedorismo podem ser ferramentas para mudar essa realidade.

A luta pela igualdade racial não pode se limitar ao 20 de novembro. É preciso desenvolver ações permanentes para que pessoas negras ocupem as posições que lhes são de direito, como protagonistas de suas histórias e de um Brasil mais igualitário e justo.

 

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