É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)
A incerteza já dominava o final do século XX, provocando incredulidades das apostas tecnológicas às utopias religiosas — na superação da decadência dos valores civilizacionais
Foto: IANA SOARES
Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos
Em fevereiro de 1983, a Sorbonne sediou um encontro, promovido pelo então ministro da Cultura Jack Lang, no governo socialista de François Mitterand, sobre as relações sempre conflituosas entre poder e criação. Pela primeira vez, economistas, sociólogos, biólogos, médicos, universitários, cineastas, presidentes de cadeias de rádio e TV, políticos, dramaturgos, filósofos, jornalistas, futuristas, poetas, artistas, advogados, escritores, arquitetos, historiadores, gestores públicos, tecnocratas, professores e banqueiros se reuniam, provocados por uma mesma constatação: a necessidade premente de aproximar artistas e criadores dos tomadores de decisão.
Uma pergunta também atravessava o colóquio: qual seria o lugar da criação, em tempos de crise? O Complexo de Leonardo ou a Sociedade de Criação foi organizado a partir dos seguintes eixos: os inventores de crises; a economia política da criação; criação e transformação de sociedade; os criadores contra o poder; culturas do mundo e relações internacionais; a cultura pode encontrar saídas para a crise? Nos anos 1980, os desafios da desigualdade, dos regimes ditatoriais, dos ataques dos direitos humanos e das ameaças ao planeta indicavam a necessidade da religação dos saberes, em busca de novos caminhos para a humanidade.
A incerteza já dominava o final do século XX, provocando incredulidades das apostas tecnológicas às utopias religiosas — na superação da decadência dos valores civilizacionais. "Ninguém pode impedir o artista de ter uma sólida opinião sobre o seu papel na economia moderna. Depois do consumo da comida, do vestuário, da habitação, depois do útil, os indivíduos procuram a arte", afirmava John Kenneth Galbraith, anunciando em sua palestra que a cultura deveria ser o último estágio da economia. "Eu não resolvo crises, eu as instauro!", advertia, por sua vez, Umberto Eco, reafirmando a ética da criação ao seu caráter disruptivo e insubmisso.
Quarenta anos depois, o abismo entre os criadores e os tomadores de decisão se ampliou e se aprofundou. O que ainda nos resta imaginar para as próximas quatro décadas?
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