É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)
O grande alento de um leitor é o de ter tempo para revisitar velhas leituras. Há alguns dias, Marshall Berman me seduziu a revisitá-lo. Durante um par de horas vaguei e naveguei, por meio das transfigurações do Fausto de Goethe, na tragédia do desenvolvimento moderno.
Desde as primeiras linhas do prefácio do seu "Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade", Berman nos alerta sobre o fascínio do pertencimento a um "mundo moderno" nas suas diversas diversas dimensões e possibilidades.
Há na modernidade um desejo fundador de mudança que nos (co)move, apesar de suas contradições. Acometidos da vertigem da autotransformação e da transformação do mundo em nosso redor, imaginamos sociedades seguras e organizações controladoras, mas o que experimentamos é a desintegração e a desorientação.
Impossível não perceber o grande paradoxo ou a triste ironia entre o INSS e a cidadania — organização e expressão modernas. Tudo o que é sólido desmancha no ar. Aposentadorias, medicamentos, moradias decentes, empregos, educação de qualidade, entre tantas outras promessas da Modernidade-Mundo, também desaparecem diante de nós. Afinal, a realidade é mesmo a maior das "fake-news". Rousseau, na sua obra "A nova Heloísa" traduz como ninguém a metáfora de Cartola de que "o mundo é um moinho".
O jovem camponês Saint-Preux reflete sobre sua nova vida na cidade em carta enviada para sua amada Julie: "Tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo... o bom, o mau, o belo, o feio, a verdade e a virtude têm uma existência apenas local e limitada".
Desde o século XVIII, parecemos estar perplexos com a vida moderna, ou melhor, com a (des)humanidade que a mesma aos poucos produziu. A moderna humanidade implodiu os ideais cristãos da integridade da alma e da aspiração à justiça e à verdade. Nietzsche se refere à "morte de Deus" para refletir sobre o niilismo do nosso tempo. O novo papa parece simbolizar o adiamento da implosãodo Cristianismo. A esperança é mesmo a última que morre.
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