Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
É possível perceber que os programas sociais de transferência de renda (isoladamente) não conseguem ir além do emergencial e já deveriam ter sido reformulados
Recentemente, a imprensa divulgou os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as desigualdades sociais em 2023. O Ceará continua se destacando nessa triste estatística. O rendimento mensal do 1% mais rico é 34 vezes maior que dos 50% mais pobres. Temos a quinta pior renda do país (R$ 400). Mais grave: 40% da população não possui renda mensal.
É verdade que os dados revelam que os rendimentos dos que apresentaram alguma ocupação registraram um leve crescimento nos últimos anos. O perfil do grupo mais impactado pela desigualdade continua a ser formado majoritariamente por mulheres, negras e periféricas. São informações que devem fomentar discussões sobre a nossa matriz de inclusão social.
É possível perceber que os programas sociais de transferência de renda (isoladamente) não conseguem ir além do emergencial e já deveriam ter sido reformulados. A fome, a pobreza e o desemprego devem ser combatidos em diferentes frentes e a partir de várias temporalidades.
Os descompassos são gigantescos. No Ceará, falamos de "democratização das energias renováveis" para uma parte do empresariado que ainda segue uma lógica de desenvolvimento dos anos 1980. Temos uma educação básica de alta qualidade, mas que ainda não foi traduzida em aumento da renda média do trabalhador. Os jovens são os que mais sofrem nessa dinâmica perversa, com sonhos sufocados, acreditam pouco no valor transformador da educação. Nesse ritmo, as novas gerações terão menos rendimento.
Para piorar, existe um exército gigantesco com mais de 35 anos de idade com baixa escolaridade e pouca inserção junto às novas tendências do mercado. Sabemos que o quadro não é apenas cearense, mas em todo caso temos aqui uma confluência estrutural de desigualdades que exige uma olhar especial.
Para além das ações exitosas de combate à fome, faz-se necessário que os governos (federal, estadual e municipal) impulsionem programas de qualificação de ponta, principalmente nas regiões pouco atendidas pelas universidades. Focar em energias renováveis, tecnologias da informação e comunicação e sustentabilidade poderá abrir portas para a população. O público fora da faixa regular de ensino não pode ser esquecido. Políticas específicas de crédito para atender o produtor rural e os grupos periféricos têm grande potencial para reduzir as desigualdades sociais.
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