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As facções e o jogo eleitoral de 2024
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Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa

As facções e o jogo eleitoral de 2024

O comitê proposto pelo governador Elmano de Freitas deve ser amplo e contar com a participação efetiva da sociedade civil, artistas, intelectuais, comunidade escolar, Judiciário, Igrejas e lideranças comunitárias. As ações ousadas das facções exigem respostas que superem o policiamento ostensivo
Governador Elmano de Freitas  (Foto: BEATRIZ BOBLITZ/O POVO)
Foto: BEATRIZ BOBLITZ/O POVO Governador Elmano de Freitas

As pesquisas, que acabam servindo de termômetro do cenário pré-eleitoral de 2024, destacaram a centralidade da segurança pública. Dos grandes aos pequenos municípios cearenses, a preocupação com o avanço da criminalidade ganha tons urgentes para o cidadão. Teremos o pleito mais marcado por esse tema, desde a redemocratização. Não adianta jogar o problema para outra esfera de poder ou ensaiar soluções folclóricas. O eleitor cobra respostas concretas de todos que buscam se aventurar ou permanecer na vida política. A questão é que, para além do debate, a rede criminosa está interferindo na dinâmica cotidiana do processo eleitoral.

Não são poucos os casos de lideranças políticas que, para acessar territórios disputados pelo crime, precisam solicitar autorização direta dos tribunais das facções. Dessa forma, o processo livre de reuniões, debates e percursos entre candidatos e eleitores fica seriamente comprometido. E esse panorama desolador não se restringe aos espaços periféricos das cidades. As praças públicas se tornaram arenas centrais para as facções em diversos municípios. ONGs, associações, movimentos e demais coletivos não cansam de denunciar as enormes dificuldades para desenvolverem suas atividades.

Muito mais que ditar quem pode ou não falar nas e em nome das comunidades, as facções estão cada vez mais empenhadas em eleger seus próprios candidatos. Os chefes do crime, extremamente organizados, sabem que a institucionalização pode oferecer escudos e interlocutores importantes nos momentos de embates com os aparelhos do Estado. Esse movimento não se iniciou agora, mas ganhou, recentemente, contornos críticos com a ameaça e até mesmo assassinato de pré-candidatos. Os princípios civilizatórios mínimos encontram-se comprometidos. A própria cidadania está em risco.

Por isso mesmo, o comitê proposto pelo governador Elmano de Freitas deve ser amplo e contar com a participação efetiva da sociedade civil, artistas, intelectuais, comunidade escolar, Judiciário, Igrejas e lideranças comunitárias. As ações ousadas das facções exigem respostas que superem o policiamento ostensivo. Eis o momento ideal para o governador propor um pacto social (suprapartidário e permanente). O objetivo é claro: deter o avanço de organizações que estão alvejando os valores da democracia. n

 

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