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O Mundo Pet e as eleições 2024
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Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa

O Mundo Pet e as eleições 2024

Para quem acompanha o universo político, a inclusão da pauta pet no campo eleitoral não é novidade. Antes restrita a poucas lideranças, que monopolizavam as atenções nos principais centros urbanos, hoje grande parte das candidaturas tem algo a propor sobre a saúde animal. Isso não acontece por acaso. Nos últimos dez anos o Ceará vivenciou profundas transformações na forma de perceber e mobilizar esse espaço de atuação. A agenda pet extrapolou o raio dos ativistas e agregou adeptos nos mais diferentes grupos sociais. A utilização de bandeiras que remetem ao Mundo Pet simboliza uma realidade cada vez mais presente nos lares cearenses. Os dados mais recentes do IBGE (2022) revelam que temos mais animais domésticos do que crianças.

A economia que esse setor movimenta é da ordem de bilhões. Além disso, movimentos que se organizam para defender a causa animal se estruturaram nos últimos anos e conseguiram, principalmente com o suporte das redes sociais, visibilidade e conquistas importantes. A pauta não fica restrita a classe média tradicional. Os mais pobres inseriram de vez os pets entre as prioridades da família. Uma questão cultural e afetiva. No Ceará, o Governo do Estado criou a Secretaria de Proteção Animal e está investindo em uma série de políticas que vão de campanhas educativas ao acompanhamento veterinário. As prefeituras seguem a mesma linha. Assim, expor fotos com cães e gatos no período eleitoral já não é suficiente. A opinião pública exige um histórico ligado ao tema e ações concretas. Sabendo desse contexto, candidatos oferecem um repertório de políticas. Nos planos de governo, os projetos vão de criação de abrigo para animais que sofrem maus-tratos, com remuneração para protetores e ONGs, passando por inauguração de hospitais veterinários até a ampliação de serviços de
castração e microchipagem.

Isso não quer dizer que superamos nossos problemas socioeconômicas. Continuamos vivendo em uma sociedade profundamente desigual que exige políticas urgentes. Contudo, existe a percepção em parte da sociedade que é possível o poder público atuar nas duas frentes. De qualquer forma, as eleições de 2024 consolidaram a temática na ordem do dia, deixando claro que, além de ser uma questão de saúde pública, a proteção animal atrai votos e não pode ser negligenciada. n

 

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