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Fortaleza 2024: a nacionalização de uma disputa
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Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa

Fortaleza 2024: a nacionalização de uma disputa

Salvo algum fato de última hora, teremos em Fortaleza a nacionalização da corrida pela Prefeitura. As últimas pesquisas indicam uma consolidação das candidaturas de André Fernandes e Evandro Leitão. Vários fatores contribuíram para esse quadro
Tipo Opinião
Cleyton Monte, cientista político, professor universitário, pesquisador do Lepem (Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia) e colunista do O POVO (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Cleyton Monte, cientista político, professor universitário, pesquisador do Lepem (Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia) e colunista do O POVO

A literatura em Ciência Política indica que a eleições municipais são influenciadas pela correlação de forças locais. Raramente, o xadrez nacional chega a ser decisivo nesse embate. Contudo, o confronto entre as duas principais forças políticas, deu novos contornos a uma série de pleitos. A grande questão acaba sendo saber se a eleição será ou não influenciada pela polarização nacional. Salvo algum fato de última hora, teremos em Fortaleza a nacionalização da corrida pela Prefeitura. As últimas pesquisas indicam uma consolidação das candidaturas de André Fernandes e Evandro Leitão. Vários fatores contribuíram para esse quadro.

O mais relevante foi a estagnação do prefeito Sarto. Concentrando-se em uma estratégia de marketing debochada, deixou de lado as obras do seu governo, propostas e discussão sobre eventuais omissões. Se tornou alvo fácil dos opositores, com ampliação da rejeição. Nesse caso, a máquina isoladamente e o aparato de muitos vereadores não foram suficientes.

Por outro lado, Capitão Wagner buscou vestir a roupa do personagem "paz e amor", subestimando a força de um adversário direto e em pleno crescimento na ala da direta. Quando se deu conta do descaminho, procurou mirar no "soldado de Bolsonaro", obtendo poucos resultados. As ações de Evandro Leitão e André Fernandes foram além dos padrinhos políticos.

Ambos abusaram dos recursos disponíveis. André, que pouco acionou a imagem de Bolsonaro, atraiu a atenção dos evangélicos e do eleitor jovem com uma comunicação envolvente - reforçando a tática pelas redes sociais. O presidente da Assembleia Legislativa, por sua vez, conseguiu, a partir de um generoso tempo de rádio e TV, explorar o apoio de Camilo e Lula (dois poderosos cabos eleitorais), tornar-se conhecido e garantir a capilarização da sua mensagem. São as tendências estruturais.

A campanha eleitoral é um empreendimento que não permite amadorismos. É muito curta para mudanças de rota. De qualquer forma, nossa tradição política sempre registra um percentual significativo de eleitores que pode mudar o voto 48h antes da abertura das urnas. Vamos acompanhar os próximos dias e checar se a nacionalização se confirma como lógica da disputa ou se alguma surpresa se impõe de última hora. Desenho essencial para compreender a configuração do segundo turno.

 

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