Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
Quanto mais apoiadores, mais espaço deve ser encontrado. Sem falar nos agregados de última hora. Pacificar figuras do porte de Cid Gomes, que já lideraram o projeto sempre será uma tarefa difícil
Nas últimas semanas a política cearense foi tomada pelas especulações sobre o rompimento do senador Cid Gomes (PSB) com o governador Elmano de Freitas (PT). O ex-governador e seus interlocutores ressaltaram as dificuldades no diálogo com o Palácio da Abolição.
O entrave envolve a indicação do nome para presidir a Assembleia Legislativa do Ceará. O fato em si chama atenção para um dos maiores dilemas da arte política: acomodar aliados. Nesse período de transição política municipal a situação se torna ainda mais crítica. Como atender o apetite da coligação vitoriosa — ao mesmo tempo resguardar critérios técnicos e dirimir conflitos? Esbarrar em egos inflados com a meta de garantir a governabilidade se torna central para o grupo que deseja manter sua aliança.
Quanto mais apoiadores, mais espaço deve ser encontrado. Sem falar nos agregados de última hora. Pacificar figuras do porte de Cid Gomes, que já lideraram o projeto sempre será uma tarefa difícil. Faz-necessário bom senso para filtrar as inúmeras demandas. Nessa hora, um comando político articulado faz a diferença.
As maiores pastas são sempre as que despertam maior cobiça. Os principais partidos da base devem ter prioridade nas indicações. Raramente, o arranjo agrada a todos. As denúncias de "hegemonismo" são corriqueiras e partem de vários lados, inclusive dos palacianos. Em todo caso, os chefes do Executivo procuram indicar para os cargos estratégicos líderes da sua extrema confiança — já sabendo que as alianças são feitas e desfeitas ao sabor dos ventos políticos. Lembrando que a base de hoje vai atuar na campanha de 2026.
Não podemos demonizar as indicações políticas. Ocorrem nas democracias consolidadas e devem ser fiscalizadas pela sociedade, Judiciário, imprensa e grupos de oposição. Diferentemente do que muitos alardeiam, as siglas possuem nomes com experiência e formação técnica.
A máquina pública não vai parar por causa desses movimentos. O que não se pode perder de vista é o projeto de gestão, que une os mais diferentes partidos e indicados. Essa é uma das missões mais complexas dos governantes: acomodar os aliados (neutralizando possíveis crises), mas também garantir resultados para a população.
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