O Ceará e a educação em tempos de inteligência artificial
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Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
O Ceará e a educação em tempos de inteligência artificial
As escolas podem começar por criar espaços permanentes de formação digital, atualizar seus projetos político-pedagógicos com foco em tecnologias emergentes e estabelecer parcerias com universidades e centros de inovação
Foto: Divulgação/ Meta
A Inteligência Artificial (IA) da meta está disponível para usuários do WhatsApp
A inteligência artificial deixou de ser previsão e tornou-se gramática do presente. Já atravessa redes sociais, sistemas produtivos, serviços públicos - e, ainda que timidamente, começa a entrar pelas portas da escola. Em um cenário onde 70% dos professores brasileiros afirmam não se sentir preparados para lidar com IA em sala de aula (CENPEC, 2024), a questão que se impõe não é se ela chegará às escolas, mas como será incorporada.
Nesse sentido, a formação docente torna-se ponto de inflexão. Não se trata de submeter o ensino aos algoritmos, mas de qualificar professores para interpretar, aplicar e tensionar criticamente o uso das tecnologias emergentes.
Elaborar planos com IA, gamificar aulas, propor novas formas de avaliação - tudo isso mantendo a mediação humana como eixo da aprendizagem. Mas o desafio não é só técnico. É ético e político. Quem programa os algoritmos? Com que interesses? Que vieses carregam? Ética, autoria, linguagem e direito à informação precisam integrar a formação dos educadores.
E isso só será possível com escuta ativa, diálogo com professores, estudantes e suas representações - valorizando suas experiências e protagonismo. As escolas podem começar por criar espaços permanentes de formação digital, atualizar seus projetos político-pedagógicos com foco em tecnologias emergentes e estabelecer parcerias com universidades e centros de inovação.
É necessário investir em infraestrutura mínima, garantir conectividade e fomentar uma cultura de experimentação pedagógica. A IA deve ser incorporada não como fetiche, mas como ferramenta de construção de autonomia, criatividade e pensamento crítico. Mais que uma estratégia isolada, essa agenda precisa ser institucionalizada.
É indispensável que o novo Plano Estadual de Educação do Ceará incorpore diretrizes específicas para a cultura digital e o uso pedagógico da inteligência artificial, garantindo que essa transição seja acompanhada por políticas públicas de formação, investimento e avaliação.
O Ceará, referência nacional em educação, tem agora um novo desafio: liderar também a transição digital crítica de sua rede. A IA é o agora - concreto, desigual e disputado. Ignorá-la é abdicar. Submeter-se ela sem crítica é perder o rumo. É hora de escolhas. E elas exigem lucidez, coragem e compromisso público.
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