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Seria uma tela - viva - de Debret?
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Seria uma tela - viva - de Debret?

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 Lira Neto, dom Edmilson Cruz, Camilo Santana, Elmano de Freitas e Lia, Frei Rogério Lopes (representando a Congregação Franciscana de Canindé), Ana Lúcia Bastos Mota e Miguel Borges (representando o cineasta Luiz Carlos Barreto) (Foto: Fotos João Filho Tavares)
Foto: Fotos João Filho Tavares Lira Neto, dom Edmilson Cruz, Camilo Santana, Elmano de Freitas e Lia, Frei Rogério Lopes (representando a Congregação Franciscana de Canindé), Ana Lúcia Bastos Mota e Miguel Borges (representando o cineasta Luiz Carlos Barreto)

Noite da última sexta-feira, Governo do Estado realizou a solenidade de entrega da Medalha da Abolição, a maior comenda do Executivo no Ceará. Essas cerimônias, que muitas vezes têm uma atmosfera neutra (para não dizer enfadonha), ficam tão mais interessantes em períodos eleitorais. 

A gente vai ali observando os grupinhos no "tititi", tudo tão orquestrado, mas, ao mesmo tempo, todo mundo pronto para dar o bote... É política, amores, não cabe engano. 

Mas enfim... em virtude das chuvas, o evento ocorreu no auditório do Palácio, que ficou abarrotado de amigos, inimigos, papagaios de piratas, piratas sem papagaios, sibites... embora, no espectro dos blocos partidários, tenha sido uma noite completamente camilista. 

Após atravessar o corredor da Guarda de Honra da Casa Militar do Governo, optei por acompanhar pelo lado de fora. Pelas vidraças, ficaria melhor para vislumbrar todo o cenário. Daí que tive uma sensação estranhíssima...

Enquanto homens poderosos chegavam com suas "madames", em vestidos cheios de babados, brilhos, "frufrus" e os cabelos mechados após uma tarde no "coiffeur", avistei as penas dos cocares da secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves, acompanhada por "irmãos" de etnia, também devidamente adornados.

Adentram, então, vários religiosos trajando hábitos naquele estilo mosteiro de filme, tipo o clássico "O Nome da Rosa", sabem? Eram integrantes da Congregação Franciscana de Canindé, uma das entidades homenageadas com o distintivo. Também presentes alguns representantes do movimento negro, encabeçado pela secretária da Igualdade Racial, Zelma Madeira, além dos militares e suas condecorações nas lapelas. 

Em que ano estamos? Diante de mim, um Brasil Colônia de Jean-Baptiste Debret, customizado para 2024. Se tivesse um crucifixo na parede, daqueles grandes de madeira, eu diria estar vendo a encenação de "A Primeira Missa no Brasil", do também grande pintor Victor Meirelles. Não fossem as linhas atemporais e nada rococós que o arquiteto Sérgio Bernardes deu ao prédio, eu poderia jurar ter entrado numa máquina do tempo. 

Mas voltando...

No cortejo de entrada dos homenageados, muito leve e confiantes estavam o anfitrião da noite, governador Elmano de Freitas, no mix power-Obama: terno azul, camisa branca e gravata vermelha, bem acompanhado da dinâmica primeira-dama Lia, sempre distinta.  

Também ficou evidente a popularidade do ministro Camilo Santana. Não obstante ser a maior autoridade presente, foi parado algumas vezes para selfies de admiradores. Como um artista da TV, pegava o celular e fazia, ele mesmo, o registro. Sorridente, até demais, estava acompanhado de Onélia, que apostou num sleep dress preto, um tubo clean, de seda. 

Meus primeiros entrevistados no programa Pause (Youtube do O POVO), vice-governadora Jade Romero e o marido Marcelo Paz também foram recebidos em caráter de fama e prestígio, o que combinou absolutamente com o estado de graça em que se encontram com o nascimento da filha Marcela Paz e em plena harmonia com a linda gravata (Gucci), que o CEO do Fortaleza usava. 

Dos homenageados, sem dúvidas, a mais alegre era a empresária Ana Lúcia Mota, presidente da indústria de cerâmicas Cerbrás. Visivelmente emocionada. É uma mulher forte, intensa, sabe o que quer e vive as alegrias da vida sem filtros protocolares. Foi muito aplaudida por todos, com destaque para a filha Mariana, que recebeu o troféu de mais elegante e bela da noite, em um longo preto com brilho. Antes de sair de casa, abriu o cofre e colocou os diamantes - todos - para passear. 

Bonito e sincero o discurso do escritor Lira Neto, um dos homenageados, que dedicou a medalha à mãe, dona Darci, primeira inspiração que teve na vida em busca de uma escrita não apenas correta, mas atraente, acolhedora, convincente. As falas de todos os homenageados, inclusive, merecem parabéns. Concisas, objetivas e na medida. 

Até tentei cumprimentar os homenageados, incluindo ainda na lista, além dos citados, o bispo emérito dom Edmilson Cruz e o cineasta, Luiz Carlos Barreto, lá representado por familiar. Mas a fila estava desafiadora demais. Fui saindo pela tangente, acompanhando o fluxo e pensando o que, de fato, mudou nas estruturas sociais desde Pindorama até o BR de hoje. Foi muito? Pouco? Pensem aí... 

Flores e cenas... Mais fotos em @pauseopovo, perfil da coluna no Instagram. 

 

Foto do Clóvis Holanda

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