
É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
Voyeur canino
Nesse mundo louco que construímos para nós mesmos, acho tão intrigante e, ao mesmo tempo, relaxante, observar as pessoas que levam seus cachorros para passear na rua.
Enquanto a maioria de nós acorda correndo, atordoado ainda, coando café com uma mão e respondendo o whatsapp com a outra, eles estão nas esquinas, são reminiscências de um tempo menos ansioso, mais citadino e gentil entre as pessoas.
O ritual é sempre o mesmo. Enquanto o bichinho escolhe onde vai urinar e defecar, eles observam calmamente, imaginando qual canteiro de plantas ou calçada vai vencer a minuciosa seleção.
Finalizada a necessidade, há duas opções: tutores com educação e espírito de cidadania retiram um saco do bolso e recolhem os dejetos de seus cães. Os menos comprometidos com a coletividade, olham para o outro lado da rua, como se tivessem avistado alguém, e atravessam a rua, disfarçando a liberação de excrementos no passeio público. Interessante observar que esses últimos são exatamente daquele segmento de pessoas ultrahigiênicas, do tipo que não deixa ninguém entrar sem sapato nas suas casas.
- Vamos, Marina!
- Por aqui, Nicolau!
- Dê bom dia, Baltazar!
- Calma, Nicole!
Pois é... Depois que as crianças passaram a receber nomes como Nina, Maya, Nala, Thor, Theo, Luna, Lola, Mel e similares, os pet-filhos herdaram alcunhas mais pomposas e tradicionais.
Mas voltando aos devaneios dos caminhantes com cachorros, chego a baixar o vidro para ouvir o que conversam com Valentina ou Bernardo. "Olha o que lhe falei, essa calçada é alta!" ou "Filha, não seja assim, está na hora de voltar para casa".
Olha que ato de resistência! Enquanto países estão em guerra, as bolsas de valores oscilam sem parar, os algoritmos dominam os desejos e antecipam pensamentos dos seres humanos, a Inteligência Artificial põe em xeque a mão de obra humana, novas tecnologias alteram engrenagens de sistemas de produção inteiros pelo planeta, os tutores observam, religiosamente, a urina escorrer, as fezes saírem, o caõzinho balançar o rabo e decidir voltar para casa.
Freud diria que há aí, talvez, uma "transferência". O ato de fazer necessidade ali mesmo em público, negligenciando os carros e motos que correm para chegar a tempo na "firma", só pode guardar algo de terapêutico nessa relação entre os cães e seus donos-voyeur.
Podemos imaginar que o alívio do animal, de deixar um apartamento de chão frio e escorregadio por alguns momentos de liberdade assistida nas ruas, expresse de alguma forma os sentimentos daqueles humanos que, pouco tempo depois daquele transe urbano, se verão presos por oito horas ou mais num sala com ar-condicionado e colegas questionadores. Cães só aplaudem, sem ressalvas.
Talvez resida aí, nesse arrodeio matinal pelo quarteirão, um terapia entre espécies. Seria um dos únicos momentos nos quais tutores e seus cães provem de alguma dose de prazer na rotina, já que o resto das horas são preenchidas, em boa medida, pelas prisões construídas e consentidas da vida adulta, construídas por nós mesmos.
Flores... para os "totós".
Cult
Inauguradas, último dia 20 de agosto, as exposições "Teologia Natural", de Alina Duchrow, e "Nascente", de Ana Cristina Mendes. As mostras levam a chancela do projeto "Trajetórias Artísticas Unifor", que apresenta exposições de artistas cearenses nas galerias térreas do Espaço Cultural Unifor e contam com a curadoria de Ana Valeska Maia Magalhães, professora de história da arte há mais de 20 anos, autora de livros e ensaios sobre arte e psicanálise. As mostras estarão abertas para visitação gratuita de terças a sextas, das 9 às 19 horas; sábados e domingos, das 12 às 18 horas, até 15 de dezembro de 2024. Presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha conduziu cerimônia de abertura. Regitros...
Zoom
...E enquanto aguardamos a chegada do Carnaval, período do ano no qual o Brasil faz mais sentido, o agitador cultural carioca Beto Pacheco realizou mais uma edição do "Baile do BB". O evento foi inspirado no tradicional The Black and White Ball, baile que Truman Capote realizou em Nova York, em 1966. Para a ocasião, a Corello, grife paulista presente há 60 anos no mercado nacional, levou um squad de influenciadoras para celebrar a noite de gala usando peças da grife. No click, a modelo e creator Ismênia Lima, que apostou em vestido preto rendado com saia bufante, acompanhado por um par de sapatos pretos da Corello. Brilhou!
Moderninhos & afins
Turma moderninha e afins em peso, no último fim de semana, na terceira edição do Zepelim, festival de música que trouxe a Fortaleza atrações como Seu Jorge, BaianaSystem, Planet Hemp, Marina Sena e Pabllo Vittar.
O Vida&Arte, editoria de cultura e entretenimento do O POVO, levou ao evento o Redário Vida&Arte - Azuhli da Cor do Amar, uma ativação em homenagem à artista visual Azuhli (1995-2024), que é um dos maiores nomes da arte contemporânea cearense.
Desenvolvido pelo Marketing de Grandes Marcas do O POVO, em parceria com as marcas Tanto Faz, Delise e Compasso Midia Exterior, o Redário contou com redes coloridas, painel de fotos com colagem de obras de Azuhli, pufes, carrinho de algodão-doce e carregadores de celular, compondo uma charmosa área de encontros e recarga energética para a maratona de shows. Cenas...
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