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"Hoje tirei o dia para o amor", os românticos resistem!
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

"Hoje tirei o dia para o amor", os românticos resistem!

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Sextou e...

...enquanto o noticiário, no feriado, pegava fogo, dando conta dos detalhes sórdidos do plano de assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Morais; os algoritmos fervilhavam em ritmo de Black Friday antecipada nos empurrando os desejos de consumo necessários e supérfluos (os mais gostosos de comprar); e o relógio biológico lutava contra a angústia, existencial, que chega com as luzes do Natal, li num desses grupos de WhatsApp entre amigos, todos cheios de memes, teses absurdas, piadas infames e mil fofoquinhas inocentes, uma declaração absolutamente poética:

- Hoje tirei o dia só para o amor.

Nossa! Imaginei, imediatamente, essa frase cantada por Fagner ou Maria Bethânia, com notas longas, lentas, afinal, o tempo que lute contra a vontade soberana de freá-lo para AMAR.

Penso que seria algo assim...

Ao invés de abrir os olhos, colocar os óculos e já ir gastar minutos com a vida alheia no Instagram, um dia dedicado ao amor começa lentamente, sentindo, entre as pernas, os mil fios pelos quais se paga tão caro na hora de escolher lençóis e fronhas.

O ar-condicionado ficaria nos 15 graus de propósito. A ideia é ter motivo para, mesmo no verão dubaísta do Ceará, oferecer calor.

Pulamos algumas casas íntimas... e chegamos à mesa do café. Nada de cerimônias. Um coado básico. À mesa, duas facas e o resto da tábua de frios da véspera, sobras da harmonização com dois rótulos muito bem degustados de tintos.

O jornal - O POVO, CLARO -, já estava na porta, seria lido calmamente e comentado, na cozinha mesmo e sem sobressaltos, afinal, NADA é maior do que NÓS.

Praia? Visitar parentes? Cinema? Churrascaria?

Cama, apenas ela.

Um longo seriado, de época, francês, desses que permitem que o silêncio fale. O quarto absolutamente fechado, cortina reforçada e celulares no silencioso.

No quarto episódio, fome. Um restaurante português às 16h30min, vazio, horário no qual os garçons olham para a gente e se perguntam o que "esse pessoal" quer aqui numa hora dessas?

Traçando pausadamente um "Entre Rios", com uma garrafa de chardonnay no ponto. Em pauta: nada. Conversas absolutamente amenas e aleatórias, longe do passado, do futuro e do risco de qualquer faísca, gatilhos de uma "DR" evitáveis.

Até chegou, na mesa ao lado, um político famoso em nova e anônima companhia falando altíssimo e em tom politicamente polarizado, também aquele amigo de colégio, chatinho, fofoqueiro e bem sucedido que foi à mesa exibir o novo relógio. E ainda a dermatologista do casal com amigas, guardiã de todos os procedimentos mantenedores da tez esbelta para as idades. E daí?

A volta poderia ser de Uber, mas optou-se por caminhar sete quadras, lembrando das calçadas planas e padronizadas das cidades que já haviam visitado pelo mundo. Cada quarteirão suscitou um novo roteiro para o além-mar, mas sem precisar citar a cotação - sofrível - do euro e do dólar. Sonharrrr....

Seriado retomado. O barulho da porta foi revelando a chegada dos filhos jovens, que estavam em programas com amigos. Mas sem alardes, cada um seguiu no seu universo particular.

- Mãe, pai, vocês parecem que morreram!, bradou o mais novo na porta, trancada.

- Filho, estamos descansando, tem pizza na geladeira.

A série terminou com um funeral, belíssimo, desses que as pessoas estão abolutamente elegantes, em preto, ao som de "Hier Encore", de Charles Aznavour. As lágrimas enterravam um amor de uma vida inteira, bem vivida.

Em tradução livre...

"Ainda ontem, eu tinha vinte anos/ Acariciava o tempo e brincava com a vida/ Como se brinca com o amor"... E depois de uma sequência de versos, dramáticos, filosóficos e melódicos, a canção e o tal seriado finalizam com a questão:

"Onde estão agora, agora, meus vinte anos?".

Cobertores a postos, ar condicionado volta aos regimentais 22 graus, como num escritório, sinalizando o retorno gradativo à rotina, a um outro ritmo que, definitivamente, não é o tempo do resistente, persistente e cada vez mais difícil amor.

- Alguém viu meus óculos e o carregador do meu Iphone?

Flores...

Guia O POVO CasaCor

Arquiteta Ticiana Sanford e o Guia CasaCor(Foto: AURÉLIO ALVES )
Foto: AURÉLIO ALVES Arquiteta Ticiana Sanford e o Guia CasaCor

...E quem visitar a CasaCor Ceará, aberta na Praia de Iracema até 9 de dezembro, pode adquirir, gratuitamente, no acesso principal da mostra e disponível em alguns ambientes, o Guia Vida&Arte CasaCor, suplemento voltado a facilitar, com serviços e textos rápidos, os momentos de lazer e experiências do leitor.

Compacto e temático, o Guia é um produto editorial O POVO no sentido de levar informação de maneira prática e com foco em um público ou evento. Na foto, arquiteta Ticiana Sanford, responsável pelo ambiente do Grupo de Comunicação na mostra.

Almodóvar 75`

Pedro Almodóvar: 75 anos (Foto: Amy Sussman / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
Foto: Amy Sussman / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP Pedro Almodóvar: 75 anos

Um dos diretores mais aclamados da Sétima Arte, Pedro Almodóvar chegou aos 75 anos tendo sua expressiva obra reconhecida com o prêmio Donostia, no Festival San Sebastián. Troféu aclamou a renomada carreira que o tornou o cineasta espanhol mais reconhecido internacionalmente.

Momento proporcionou "um turbilhão de emoções" que o deixou "à beira das lágrimas", disse durante entrevista na qual fez um balanço de sua carreira, pouco antes de recebeu o prêmio pelas mãos da atriz britânica Tilda Swinton.

"Nunca pensei em meu talento. O que pensei foi que tenho vocação (...) e se não conseguir fazer filmes serei a pessoa mais infeliz do universo", afirmou o cineasta, que recordou sua estreia no Festival de San Sebastián, há 44 anos, com seu primeiro filme "Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão". Ícone!

Troféu Equilibrista

Muito prestigiada a noite da última terça-feira, 19, quando o Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças (Ibef-CE) realizou a tradicional cerimônia de entrega do Prêmio Equilibrista. Homenageados de 2024: Patriciana Queirós Rodrigues, presidente do Conselho de Administração das Farmácias Pague Menos, a "Equilibrista" do ano; e Luciane Sallas (Grupo M. Dias Branco), com o troféu "Executiva de Finanças do Ano". Seguem presenças...

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