É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
Eu tinha acabado de ouvir na rádio O POVO CBN que Ansiedade foi eleita a palavra do ano no Brasil, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Ideia. O termo foi citado pela maioria dos entrevistados para a análise, de resultado lamentável, mas absolutamente compatível com o que vemos e ouvimos todos os dias.
Fui dirigindo e pensando sobre todos os fatores, externos e internos, capazes de desencadear essa sensação estranha, que traz elementos do passado ao mesmo tempo em que causa sofrimento psíquico sobre o futuro mas, sobretudo, nos desconecta do presente.
Daí que vaguei entre lembranças felizes e infelizes de 2024, pensei nas pessoas que se foram em circunstâncias superáveis (será?), nos amigos que usam remédios para dormir, acordar, daqueles que tiveram até de se afastar do trabalho por crises de ANSIEDADE.
Esses pensamentos se deram todos em pleno burburinho dezembrino naquele entorno da Praça Portugal, com tudo iluminado, mas com essa atmosfera acelerada e caótica no ar.
Parado no sinal da Marcos Macêdo com Leonardo Mota avisto uma loja feminina de rua, boutique como se chamava no passado, com uma fachada clean, um vestido vermelho para a noite de Natal, e um letreiro, pequeno, escrito "TEMPO".
Caramba!
Já pensou. Se ao invés dos objetos que consumimos de forma ainda mais desenfreada nessa época do ano pudéssemos, a cada dezembro, comprar frações de tempo?
Nem precisaria ser algo radical, como no filme "Paraíso" (2023), em que pobres vendem seu tempo de vida e os ricos se tornam imortais. Nem como em "O Preço do Amanhã" (2023), com Justin Timberlake, no qual as pessoas não passam dos 25 anos e, portanto, precisam comprar cada ano de vida a mais. Tem ainda o filme "Tempo" (2021), no qual visitantes de uma ilha envelhecem rapidamente em poucos segundos.
São perspectivas cinematográficas distópicas e superinteressantes para pensar sobre vida e cronologia, mas não seria necessário algo tão abruptp. Bastava a gente ter o direito de comprar uns dias ou meses para poder viver tudo aquilo o que o imperativo tempo não nos permite, mas sem alterar demais a ordem dos dias.
Assim, eu poderia ter ficado mais alguns anos com minha mãe minimamente lúcida quando foi diagnosticada com Alzheimer, teria segurado um pouco o advento da adolescência na minha filha mais velha para curtir um pouco mais minha eterna bebê, transformaria a ilusão do Carnaval em dez dias, ao invés de três.
E vocês, o que comprariam na boutique Tempo?
Já pensou naqueles romances em que um dos envolvidos sinaliza, levemente, que está com alguns incômodos, mas não aponta ainda para um fim. A outra parte, apaixonada e cega, temendo a saudade da profunda ausência, compraria um verão de puro prazer - em Ibiza, sorry - antes que o fluxo natural da vida se impusesse. Seria uma oportunidade de dar todos os beijos e de fazer amor alucinadamente, quase sem dormir, antes do final INfeliz.
Tem aqueles lances também no qual a pessoa sente que vai ser demitida, mas existe ali aquele intervalo corporativo de preparação. Compraria-se um tempo para organizar as finanças e até se recolocar antes de receber o carimbo na carteira de trabalho.
No futebol, imaginem...o time em crise, por um jogo antes de ser rebaixado e os torcedores humilhados pelo opositor, direção e torcida comprariam um bom tempo a fim de retardar tamanha decepção.
A gente poderia, inclusive, comprar tempo para sentir ódio, rancor, abuso. Hoje em dia se trabalha tanto, a vida é tão corrida, que uma pessoa pisa arbitrariamente no nosso calo, ou apaga nossa imagem na foto da diretoria, só para nos "tirar de tempo". Mas são tantas planilhas a serem entregues, que nem dá para transmitir energias cheias de ranço. Sim, existe um prazer terapêutico na vivência da raiva quando justa.
O fato é que a maioria das pessoas anda em crise com seus próprios tempos, como se tivessem perdido o controle sobre suas vidas, ontem, hoje e amanhã. Melhor seria deixar para lá, e viver tudo no seu "tempo", sobretudo os amores...
O sinal abriu e tive de sair correndo para pegar minha outra filha na escola de dança antes de vir ao jornal escrever para vocês. O vestido vermelho ficou na vitrine, as luzes acesas pelas árvores, o desaprumo na atmosfera do último mês do ano.
O "tempo"...já cantou Lulu, "voa", só lamento que, diferentemente da canção "Tempos Modernos", não vislumbro um "novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera", mas isso é tema para uma outra coluna, agora estou sem "tempo."
Flores... de plástico, bregas, mas atemporais.
Zoom
...E quem veio a Fortaleza foi e a empresária Daniela Bulhões, filha e sucessora natural de Tânia Bulhões, fundadora da marca homônima de porcelanas, perfumaria e decoração deluxe, com lojas em Fortaleza. Veio co-anfitrionar almoço com a influenciadora digital Nicole Pinheiro Bayde, que reuniu chics da Cidade, em seu endereço com Netinho Bayde, para apresentar as novidades da grife para a temporada de festas. Na foto, Daniela e Nicole no momento elegante e privê.
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