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Entre os extremos, o que restou?
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Entre os extremos, o que restou?

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Trump e Lula governarão duas das nações mais importantes do continente americano  (Foto: KAMIL KRZACZYNSKI/AFP e RICARDO STUCKERT/PR)
Foto: KAMIL KRZACZYNSKI/AFP e RICARDO STUCKERT/PR Trump e Lula governarão duas das nações mais importantes do continente americano

Sextou...

...e vou começar respondendo a um leitor assíduo, um homem brioso para os negócios e que nutre a intelectualidade, que me mandou um vídeo da jornalista Mônica Salgado.

Ela é uma profissional inteligente e multifacetada, articulada, merece respeito e sucesso. Nos últimos anos, após um longo período dedicada à moda e lifestyle, enveredou também por reflexões políticas e sociais de tom conservador.

"De uma vez por todas, ser contra políticas identitárias, não faz de você um racista. Exaltar a importância social da meritocracia, não faz de você um insensível às causas das minorias. Fazer um meme sobre o pix, não te torna um especulador do mercado financeiro. Declarar ser contra mulheres trans competindo em categorias femininas no esporte não te torna um machista. Ser de direita não faz de você uma pessoa de extrema direita...", diz o texto do vídeo, depois invertendo a lógica da fala e apontando defesas que as pessoas dos campo da esquerda fazem, segundo as quais as tornam "idiotas".

Com exceção da palavra "idiota", incompatível com a elegância e a eloquência naturais de Mônica, o vídeo é uma justa reivindicação de pessoas que se veem, muitas vezes, taxadas de um radicalismo que não as define, como inúmeros parentes e amigos com os quais todos nós convivemos.

E a partir desse descontetamento exposto e superaplaudido no take, questiono, por onde anda a direita clássica e suas propostas para o atual estado das coisas?

O brasileiro médio se vê diante de um Governo de esquerda aparentemente (e na prática) sem rumo e sem projetos claros, matando seu leão por dia e no embalo "zecapagodiano" de sobreviver: "deixa a vida me levar".

Ao mesmo tempo, não tem boas lembranças do PR antecessor, indiferente às causas urgentes da coletividade e irresponsável num dos momentos mais desafiadores da história recente, que foi a pandemia, só para citar o exemplo mais emblemático.

Nesse contexto, assistimos pela ala da direita (extrema ou não) no Brasil, à exaltação de um radical nos EUA, que numa das primeiras declarações públicas após a posse fez questão de demonstrar sua soberba e desprezo pelo nosso país. Estou mentindo?

"Essa baitola não tinha nada que ir perguntar isso a ele", ouvi de uma pessoa que assistia comigo à jornalista da Globo questionando a Trump como se daria a relação do republicano com o Brasil.

Fiz um rápido esforço mental em busca dos nomes que, no passado, representavam um contraponto aos partidos ligados às bases populares e movimentos de partidos da esquerda no Estado. Os figurões da política cearense, com raríssimas exceções, atingiram tal nível de camuflagem, como camaleões em busca do poder, que é "idiotice", usando o termo de Mônica, acreditar em trajetórias político-partidárias movidas por convicção.

Ao mesmo tempo, sobretudo os mais novos da arena, que ainda têm fôlego para o embate, estão nos extremos dos dois polos, fazendo sucesso na Rede da Lacração com pautas irrelevantes diante das questões históricas e emergenciais do nosso organograma tupiniquim.

Não imaginava que brasileiros da direita, integrantes de um povo que resguarda em seu DNA o sangue de inúmeras ondas imigratórias, se incomodassem tanto com a entrada de mexicanos nos EUA.

Da mesma forma, não previa um aparente descolamento da esquerda de movimentos populares e bandeiras como a educação de qualidade para todos, deslocando enorme esforço para pautas específicas e midiáticas, como os direitos dos cidadãos transgêneros (sem demérito), enquanto segue com os jogos de poder pelos corredores do Planalto.

Estamos sós. E pior, controlados mentalmente pelos multibilionários das bigtechs que, não obstante toda a fortuna já acumulada, revelam anseios megalomaníacos e imperialistas, autocentrados, ensimesmados.

Quer saber? Talvez o endeusamento, as transferências e o espelhamento que essas figuras promovem sobre as massas, com suas onipotências indiferentes, seja a revelação de um fenômeno maior, visto lá de cima, a Era do Eu, sem espaços para as construções consensuadas necessárias a qualquer sociedade. O outro é, portanto e independetemente do que ele pense, um adversário "idiota".

Vamos de sextou, já que a improdutiva polarização, pelo visto, ainda vai dominar o mundo por vários anos e não considero interessante nos patoligizarmos por isso.

Flores.... e uma cerveja bemmmmmmm gelada.

Oscar

Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez) no red carpet do Globo de Ouro(Foto: AFP)
Foto: AFP Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez) no red carpet do Globo de Ouro

Muitos aplausos a Fernanda Torres e toda a equipe de "Ainda Estou Aqui", estamos na torcida! Nosso zoom, no entanto, vai sobre a atriz Karla Sofia Gascon (foto), protagonista de "Emilia Pérez", longa com estreia prevista para 6 de fevereiro no Brasil.

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua não Inglesa e Melhor Atriz Coadjuvante para Zoe Saldanha, narra a história de um traficante que se transformou numa mulher a fim de fugir da Polícia e acabou, com a nova identidade, criando entidade em defesa de mulheres.

Produção foi indicada em várias categorias ao Oscar 2025.

Celebrar

Com charmoso almoço para a família e amigos do coração, Aline e Igor Queiroz Barroso celebraram a nova idade dele. Feijoada e música brasileira na voz de Roberta Fiúza deram o tom do momento. Registros...

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