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Até na missa, ele ouvia: "Compre batom, compre batom..."
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Até na missa, ele ouvia: "Compre batom, compre batom..."

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Propaganda Compre Batom marcou época nos anos 80 e puxa o texto de abertura da coluna de Clovis Holanda  (Foto: divulgação )
Foto: divulgação Propaganda Compre Batom marcou época nos anos 80 e puxa o texto de abertura da coluna de Clovis Holanda

Não é fuga. Mas acabei desmarcando a sessão quinzenal com minha terapeuta. Aleguei estar precisando processar alguns sentimentos recentes e um deles é o desencanto, novos desencantamentos...

Sabe o que houve? Antes das redes sociais, a gente não sabia exatamente a opinião das pessoas com as quais convivíamos sobre as grandes questões do mundo. Com amigos de cerveja, do racha, do MBA, da corrida, de trabalho, temos tantos assuntos em comum relacionados à vida prática, que não dá nem tempo enveredar por outros temas.

O problema é ir olhar as repostagens desses mesmos amigos e conhecer posicionamentos políticos, ver o interesse pelas teses de coachies de araque, saber que aquele "brother" não é tão legal assim quanto a gente supunha, ou perceber que aquela amiga, que te ensinou a ver a vida com mais liberdade e reggae durante a adolescência, tornou-se a personagem Perpétua, vivida por Joana Fomm em "Tieta".

Amizades longas passam por transformações, faz parte do jogo, pessoas mudam a todo instante. Também devemos considerar que, diante de um mundo tão acelerado e desafiador, as escolhas de vida merecem total respeito, afinal, estamos todos tentando sobreviver da melhor maneira possível. Da boca para fora, tudo certo, o problema é internamente. Quem controla o desencanto por algo ou alguém?

Lembro-me de uma amiga que, anos atrás, decidiu repensar o casamento. Estava tudo certo. Sem discussões, vida financeira estável, filhos progredindo nas suas descobertas e estudos, nenhum novo amor no panorama. Mas onde havia ficado, no percurso, o primeiro encanto? Ela ficava inventando desculpas e prolongando qualquer oportunidade para evitar voltar para casa cedo. A intenção é que ele já estivesse dormindo e, assim, ela se pouparia de escutar até a voz daquele que, um dia, havia sido seu grande amor. Hoje, por sorte, vivem novas histórias, outros encantos... ainda bem!

As movimentações para a campanha de 2026 sempre estiveram em curso, mas recentemente tem ocorrido uma série de reuniões, alguns partidos agendaram convenções, eleições internas, mesas redondas, como se dizia antigamente... Eu fico lendo sobre o zigue zague com cheirinho de mofo e me perguntando: será que, algum dia, ainda serei capaz de, mantendo a imparcialidade do meu ofício, sentir algum encanto genuíno pelos nossos representantes públicos?

Tenho um amigo que se meteu num nó daqueles que só o encantamento promove...

Casado há décadas, tem na mesa de sua sala - é um gestor importante - uma bomboniere com alguns doces ao lado da máquina de café. Um belo dia, recebeu a seguinte mensagem no whatsapp:

- Posso ir na sua sala pegar um batom garoto?

Desse pequeno gesto de doce delicadeza surgiu uma Nestlé inteira de chocolate sendo lambuzado com toda a criatividade que a volúpia proporciona. Ambos casados, já tentaram de todas as formas voltar para a normalidade do café amargo, mas o chocolate ao leite banhou o impetuoso encanto e lá se vão mais de dois anos de batom garoto. Com um detalhe, são felizes em seus relacionamentos, mas não conseguem se livrar da explosão de cacau...

Ele me contou certa vez que, numa das inúteis tentativas de se livrar desse vício lascivo, mesmo depois de bloquear a moça nas redes sociais, esvaziar e deixar cair no chão a tal bomboniere, mudar os horários de chegada e saída da empresa para não correr o risco nem de cruzar com ela e sentir o cheiro - jovem e selvagem - do body splash Sol de Janeiro, ficava escutando, do nada, no trânsito, no elevador, na missa, aquele garoto da propaganda "Compre batom, Compre Batom, Compre Batom". Olha que loucura!

Esse termo batom, inclusive, como outros "cases" no passado, entrou no hall das alegorias folclóricas que formam a história política brasileira mediante o ato da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, uma mamãe indefesa que foi, simplesmente, escrever um "recadinho" na estátua da Justiça, em Brasília, como alegam os bolsonaristas. Quem aí já se surpreendeu com conhecidos se posicionando pró ou contra anistia do intento golpista que depredou os prédios dos três poderes em Brasília?

Ninguém conhece mais ninguém... E haja esforço para reequilibrar as admirações cultivadas historicamente com uma sociedade mais mexida que os mercados globais diante da guerra comercial de Trump.

Vou indo... já falei demais. Sobre o achocolatado lance... Depois de meses de sofrida distância, uma bomboniere nova foi comprada, agora de cristal dos bons e, ao invés de doces variados, ela passou a ser preenchida exclusivamente de batons garoto, nas versões ao leite, branco e mesclado.

Será que ainda vão lançar o meio amargo?

Flores...

Conexão-Milão

Tiago Moreira no Salão de Milão (Foto: arquivo pessoal )
Foto: arquivo pessoal Tiago Moreira no Salão de Milão

...E no Salone del Mobile 2025, evento que faz da cidade de Milão, na Itália, o epicentro global do design, reunindo mais de dois mil expositores de 37 países, presença do cearense Tiago Moreira. Empresário é dono da IMT e fornece logística para moveleiras, galerias de obras de arte e design, dentre outros, operando em Miami, Nova York, São Paulo e Fortaleza.

Arte

Maria Eduarda Mota na SP-Arte 2025(Foto: arquivo pessoal)
Foto: arquivo pessoal Maria Eduarda Mota na SP-Arte 2025

Nome em ascensão no circuito das artes, curadora Maria Eduarda Mota foi conferir a SP-Arte, mais importante evento do mercado de arte brasileiro. Além dos estandes das galerias Leonardo Leal (que comercializou mais de 50 obras) e da Multiarte/Pinakotheke (com trabalhos de nomes como Joan Miró, Pierre Soulages e Victor Vasarely), ela destaca o espaço da Galeria Claraboia, de Renata Studart, que pelo segundo ano integra o evento. Também chamou atenção o estande da Bianca Boeckel Galeria (de SP) com exposição individual aberta do cearense Gustavo Diógenes, curada por Theo Monteiro. Na foto, posa à frente de uma obra de Adriana Varejão, de 1994.

Jantar no paraíso

Último fim de semana, o Vila Selvagem, em Fortim, reconhecido por sua beleza natural e serviços alto padrão, recebeu o chef Christian Schmidt, que comandou jantar de celebração da culinária Amazônica. Assim, hóspedes do hotel e visitantes daquele litoral, incluindo muitos europeus, puderam saborear as criações do cozinheiro e empresário da gastronomia, que expande alguns de seus negócios para o Ceará. Ele planeja abrir, este ano, restaurante próximo à Bica do Ipu, na Serra da Ibiapaba, região que vem se movimentando, por meio de incentivos públicos, no sentido de atrair empreendimentos voltados ao lazer e ao turismo.

Dentre as presenças ao banquete, o comediante Tom Cavalcante e a esposa Patrícia, que acompanhavam a filha Maria Cavalcante e o marido, o cantor sertanejo Cristiano Deyvid, em lua de mel no Ceará pós-casamentão em SP.

À frente, o francês Celian Chaufour, que há 16 anos desbravou aquele trecho do litoral, criando um destino dos mais consolidados no Estado. Sua rede de hotéis contempla ainda o Jaguaribe Lodge e o Jaguaríndia. Registros...

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