Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.
HÁ UMA REGRA (ATÉ EM DESUSO, É VERDADE) QUE DITA O USO DO ARTIGO quando o nome do lugar é originário de um acidente geográfico. Assim, devem ser usados: o Recife (PE), o Rio de Janeiro e a Bahia, por exemplo. Todos com artigo. A gestão municipal usa "Prefeitura do Recife". No caso do Crato (CE), é mais comum o uso do artigo por uma característica da região. Ouve-se e lê-se muito "a cidade do Crato" ou "a população do Crato", em vez de "a cidade de Crato". É semelhante com Eusébio (CE). Quem mora no município ou é familiar à área fala "as ruas do Eusébio". Mas alguém de outro estado, por exemplo, falaria "as ruas de Eusébio", porque não soa natural usar o "do". Veja que nem sempre há certo ou errado. Nesses casos aqui, a tradição de uso pelos nativos é mais determinante do que regras de português. É muito mais regional do que gramático.
PROXIMIDADE
PERCEBA QUE, em alguns casos, parece haver uma ideia de proximidade quando se usa o artigo. Pessoas de outras regiões podem falar "Ele nasceu em Caucaia" ou "Ele vive em Caponga". Normalmente, os nativos colocam o artigo: "Ele nasceu na Caucaia" ou "Ele vive na Caponga". E está tudo certo.
MINAS GERAIS/
ALAGOAS
OS ESTADOS de Minas Gerais e Alagoas têm perdido o artigo com o tempo. Não se diz mais "as Minas Gerais" ou "as Alagoas". É mais comum usar sem o artigo: "Nasceu em Minas Gerais", "Vive em Alagoas".
LITERATURA
MANUEL BANDEIRA canta a capital pernambucana no masculino em "Evocação do Recife" ("Mas o Recife dos Mascates"; "Mas o Recife sem história nem literatura").
João Cabral de Melo Neto também usa o artigo para se referir à cidade em seus versos. ("E esse povo de lá de riba/ de Pernambuco, da Paraíba,/ que vem buscar no Recife/ poder morrer de velhice").
Paulinho da Viola lindamente canta, saudoso, "Para um amor no Recife".
SALVA A DICA!
Vamos responder
à questão abaixo?
(FGV 2024 - Câmara Municipal de Fortaleza - Agente administrativo) Assinale a frase em que houve troca indevida entre O/LHE. a) Geralmente aqueles que não têm nada a dizer conseguem levar o máximo de tempo para fazê-lo. b) Quando você fica mais velho, começam a lhe atribuir virtudes que você jamais possuiu. c) O povo é como uma cera mole, tudo depende da mão que o modele. d) Toda idade tem seus frutos; o que falta é saber recolher-lhes. e) Quanto melhor se enche a vida, menos tempo se tem de perdê-la.
Para responder a essa questão, é preciso lembrar que o pronome oblíquo "lhe" substitui um objeto indireto, ou seja, aquele complemento que pede preposição. Os pronomes o, a, os, as, lo e la substituem objetos diretos - sem preposição.
Em a), temos "fazê-lo" com o sentido de fazer isso, sem preposição. Certo. Em b), "começam a lhe atribuir", ou seja, a atribuir a você. Veja que foi preciso a preposição (a você). Certo. No item c), "da mão que o modele" = da mão que modele ele. Certo. No item d), "recolher-lhes" tem o sentido de "recolher eles", sem preposição. Seria "recolhê-los". Errado. Em e), "de perdê-la" = perder ela, sem preposição. Certo.
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