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'Sobrevivemos e vamos fazer nosso melhor', diz Zélia Duncan sobre a pandemia
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

'Sobrevivemos e vamos fazer nosso melhor', diz Zélia Duncan sobre a pandemia

Zélia Duncan retoma repertório dos discos "Pelespírito" e "Sortimento" em show no São Luiz
Tipo Notícia
Zélia Duncan apresenta o show 'Sem Tirar os Olhos do Mundo' no Cineteatro São Luiz (Foto: Ale Catan/ Divulgação)
Foto: Ale Catan/ Divulgação Zélia Duncan apresenta o show 'Sem Tirar os Olhos do Mundo' no Cineteatro São Luiz

Os anos de pandemia exigiram muito dos sentimentos humanos. Passaram-se meses e ainda é estranho falar daquele período de solidão, isolamento, despedidas e reinvenções. Foi desse material que saiu o disco "Pelespírito", que Zélia Duncan lançou em 2021. Observando pontos em comum entre esse álbum e "Sortimento" (2001), a cantora e compositora montou o show "Sem tirar os olhos do mundo", que apresenta neste domingo, 9, em Fortaleza.

"'Sortimento' foi relançado e pela primeira vez em vinil. Parei para ouvir, me comovi, achei que os repertórios conversavam e montei o roteiro, que chega a Fortaleza um pouco modificado, para que o público participe mais", adianta Zélia em entrevista exclusiva por e-mail. Passeando pelos seus mais de 30 anos de carreira fonográfica, ela revê sua discografia e momentos que marcaram sua história.

O POVO - O período da pandemia foi de muita tristeza, perdas e posicionamentos políticos. No entanto, dele saiu um disco íntimo, delicado e nada triste. Quando você retoma esse repertório de "Pelespírito", que memórias lhe vêm desse período?
Zélia - Sabe, eu me sinto aliviada e agora revendo essas canções com a banda, vendo outros climas surgirem. Sobrevivemos e vamos fazer nosso melhor! Pelos que foram e pela continuidade de tudo que possa nos tornar mais humanos e solidários.

OP - Como um irmão de "Pelespírito", "Minha Voz Fica" saiu no mesmo ano, com outra proposta e outro repertório. O que desse trabalho entra no novo show?
Zélia - "Minha Voz Fica" é um recorte da obra de Alzira E., compositora sensacional, parceira de Itamar Assumpção, que muito me comove. "Beijos Longos" é a canção que está no show.

OP - Na faixa "Nas Horas Cruas", você faz um bom retrato daqueles dias de pandemia a afirma que "encara o fim do mundo, encara o olhar sombrio dos vizinhos mudos". Como você encarou o fim desse período de isolamento?
Zélia - A história da música foi mesmo quando percebi que meus vizinhos, da casa em frente à minha, pessoas de quem eu gostava, começaram a virar a cara para mim. O rastro do governo passado está aí, nas mentiras da rede, no ódio, na intolerância levada com orgulho por tanta gente. O fim do governo negacionista não foi o fim do negacionismo. A sombra está toda aí, louca para nos apagar. Mas temos a luta, a arte, os amigos, nossas famílias, nossas armas são essas!

OP - Junto com "Pelespírito", você destaca o repertório de "Sortimento" nesse novo show. Que pontes aproximam esses discos?
Zélia - Eu sou a ponte. Sempre fiz trabalhos diferentes uns dos outros, mas essa virou minha marca também. "Sortimento" foi relançado e pela primeira vez em vinil. Parei para ouvir, me comovi, achei que os repertórios conversavam e montei o roteiro, que chega a Fortaleza um pouco modificado, para que o público participe mais. Eu amo fazer esse show.

OP - "Sortimento" e "Pelespírito" foram lançados em LP, enquanto a maior parte dos seus discos foi lançada em CD. Que importância o suporte físico, seja vinil ou CD, tem para sua obra?
Zélia - Eu tenho ouvido só vinis. Sou de uma geração que foi nutrida com encartes, informações sobre as gravações. Sinto falta disso e sei que muita gente gosta também. É mais um item de coleção, um objeto para quem consegue ainda dar valor.

OP - Seu disco de 1994 é como uma reestreia. Você passa a assinar com novo nome, lança por uma grande gravadora e gera grande repercussão com "Catedral". Nesses 30 anos desde a reestreia, o que mais aprendeu com o ofício de cantar e compor?
Zélia - Nossa, aprender não tem fim. Na verdade, durante esses anos, eu confirmo o que, aos 16, me fez começar. Não posso viver sem música e essa é a medida. O lugar onde mais me sinto bem é no palco e por isso eu luto e tento me diversificar, para nunca perder o frio na barriga e conseguir entregar meu melhor.

OP - Outro disco seu que faz aniversário esse ano é "Eu me transformo em outras", que completa 20 anos. Que importância esse álbum e esse repertório tem para trajetória?
Zélia - Nossa, 20! Nem fiz as contas. Esse álbum me levou para outro lugar, me reapresentou para as pessoas, elas eram meu mergulho profundo na música brasileira, pra ser quem eu sou. Tenho imenso orgulho desse momento.

OP - Paralelo a essa nova, turnê que outros projetos você anda cuidando. Há previsão para novo disco?
Zélia - Acabei de subir para as plataformas "Pré Pós Tudo Bossa Band Ao Vivo", é um registro que completa os outros. Sim, tenho muitas coisas novas e provavelmente vou registrar. Mas este ano é de comemorar meus 60 e muita coisa vai acontecer.

Zélia Duncan - Sem tirar os olhos do mundo

  • Quando: domingo, 9, às 18 horas
  • Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro)
  • Quanto: R$80 (inteira) e R$40 (meia). À venda no site Sympla e no local
  • Telefone: 3252.4138
  • Instagram: @cineteatrosaoluiz

 

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