Logo O POVO+
As viagens internacionais de Rita Lee
Foto de Marcos Sampaio
clique para exibir bio do colunista

Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

As viagens internacionais de Rita Lee

Revirando o baú de Rita Lee, Roberto de Carvalho encontrou, lapidou e lançou uma versão inédita de "Volare" nas rádios e plataformas. O clássico italiano é mais uma das versões que a roqueira fez ao longo da história. Confira mais algumas
Tipo Opinião
RITA LEE CAPA OP MAIS (Foto: JANSEN LUCAS )
Foto: JANSEN LUCAS RITA LEE CAPA OP MAIS

O primeiro disco dos Mutantes trazia uma versão do clássico de Françoise Hardy, lançado cinco anos antes. O trio paulistano tornou o hino sensual e apaixonado em deboche com direito a som de borrifador e Rita cantando docemente, fazendo as vezes da diva francesa. No mesmo disco, eles transformam "Once Was a Time I Thought", do grupo The Mamas & The Papas, em "Tempo no Tempo", que mais parece uma vinheta.

Capa do disco 'Aqui, ali, em qualquer lugar', de Rita Lee
Capa do disco 'Aqui, ali, em qualquer lugar', de Rita Lee

Aqui, Ali, Em qualquer lugar

Em seu único disco só como intérprete, Rita escolheu 14 músicas dos Beatles e deu um banho de bossa nova psicodélica. Com a bateria de João Barone e o piano de João Donato, o álbum virou sucesso com quatro versões em português e as demais na letra original. No entanto, a relação da paulistana com os ingleses começa lá no disco de estreia, "Build Up" (1970), com uma releitura de "And I love him".

 

Capa do disco 'Flerte Fatal', de Rita Lee
Capa do disco 'Flerte Fatal', de Rita Lee

Blue Moon

Richard Rodgers e Lorenz Hart escreveram "Blue Moon" em 1934 e, desde então, a balada foi gravada por Rod Stewart, Tony Bennett, Elvis Presley, Frank Sinatra e mais uma pá de gente. Em 1987, Rita Lee entrou nessa lista com uma versão chique que rima "moon" com "jururu". Curiosidade: a faixa une três fases da carreira de Rita - o marido Roberto, o guitarrista Sérgio Dias (Mutantes) e o baixista Lee Marcucci (Tutti Frutti).

 

Cecy Bom

Henri Betti estava passeando pelas ruas de Nice, na França, quando passou em frente a uma loja de lingerie e lhe veio à cabeça uma sequência de notas. Ele escreveu num papel, chegou em casa e terminou em 10 minutos uma canção que ganharia letra de André Hornez e se tornaria um clássico internacional. Rita, como sempre, bagunçou tudo, misturou francês e português, Brigitte Bardot e Sonia Braga. O resultado são versos como "É tão bom sacanage tupy, é um tal de oui oui". 

Capa do disco 'Rita Lee e Roberto de Carvalho' (1990)
Capa do disco 'Rita Lee e Roberto de Carvalho' (1990)

La Javanaise

Além do deboche, Rita Lee sabia ser uma cantora surpreendente e sedutora. É o que ela mostra em "La Javanaise", composição do mítico Serge Gainsbourg para a atriz e cantora Juliette Gréco. Ator, pintor e músico reconhecido por compor nos mais diversos ritmos, o pai de Charlotte Gainsbourg era também fumante inveterado e alcoólatra assumido. Tantas afinidades já seriam suficientes para Rita pegar sua composição e cantá-la como bossa nova incluindo citações de "Desafinado" e "Garota de Ipanema". 

 

Capa do disco Bossa 'N' Roll, de Rita Lee
Capa do disco Bossa 'N' Roll, de Rita Lee

Bossa'n'roll

No início dos anos 1990, Rita Lee andava mal no casamento e afastada de Roberto. Então, botou o violão nas costas e saiu em turnê que antecipou o formato acústico, febre no fim daquela década. Aproveitando o formato mínimo, incluiu "novidades" no repertório: "Every breath you take" (The Police), "It's only rock and roll" (Rolling Stones) e "The fool on the hill" (Beatles). 

 

Canaglia

O maestro Riz Ortolani fez algumas muitas dezenas de trilhas para cinema e TV, de Chapolim Colorado ao "Holocausto Canibal". O italiano se juntou com a cantora Katyna Ranieri para compor a salsa acelerada "Canaglia". O figurinista e ator argentino radicado brasileiro Patrício Bisso fez a versão em português que Rita gravou em 1993 com toda a teatralidade que só ela sabe fazer.

 

Capa do disco '3001', de Rita Lee
Capa do disco '3001', de Rita Lee

Erva Venenosa

Ao longo dos anos 1950, raro era alguém que não gravou uma canção da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller, de Elvis a Piaf. Em 1965, Rossini Pinto pegou deles “Poison Ivy”, lançada pelo grupo The Coasters seis anos antes, transformou em “Erva Venenosa” e entregou aos Golden Boys. Resultado? Sucesso! Em 2000, Rita fez um novo arranjo para o disco “3001”, com direito aos vocais de Mike, seu cachorro. Resultado? Sucesso de novo.

 

Over the Rainbow

Mais um clássico desses que todo mundo conhece, “Over The Rainbow” foi feito por Harold Arlen e Yip Harburg para o filme “O mágico de Oz” (1939). A voz original era de Judy Garland, que vive a sonhadora e solitária Dorothy. Daí em diante, tornou-se um marco da canção norte-americana que ganhou as mais variadas vozes, seja Eric Clapton, Ella Fitzgerald, Ray Charles e Cidade Negra. Rita gravou no disco “Balacobaco” (2003), mais um momento em que se leva a sério e deixa o deboche de lado.

Capa do disco 'Ao vivo MTV', de Rita Lee
Capa do disco 'Ao vivo MTV', de Rita Lee

I wanna be sedated

No show de estreia da turnê do disco “Balacobaco”, Rita Lee incluiu no repertório “I wanna be sedated”, lançada em 1978 pelos Ramones. No palco do Canecão, ela explicou que o filho Beto Lee apresentou a banda, ela curtiu e resolveu escolher uma para cantar. Desgrenhou os cabelos, levantou os ombros e imitou os trejeitos de Joey Ramone. Quando foi registrar o show para a série “MTV Ao Vivo”, Rita fez uma letra em português quase literal. O “quase” fica para versos como “Me amarra numa maca, me bota no avião. Vamo, vamo, vamo, eu hoje tô o cão”.

Foto do Marcos Sampaio

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?