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Luciano Franco e seu violão agregador, um inventário musical
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

Luciano Franco e seu violão agregador, um inventário musical

Fazendo um inventário discográfico, Luciano Franco comemora os 20 anos do primeiro disco e já tem - pelo menos - mais cinco para lançar
Tipo Notícia
Luciano Franco, músico, compositor e arranjador, apresenta sua discografia (Foto: Fernanda Leal/ Divulgação/ CCBNB)
Foto: Fernanda Leal/ Divulgação/ CCBNB Luciano Franco, músico, compositor e arranjador, apresenta sua discografia

Luciano Franco é de Cascavel, filho de uma professora de piano e de um violonista amador. Foi por lá, meados dos anos 1960, que ele descobriu a música. Desde então, se chegou no violão, guitarra, baixo e teclado. E uma de suas marcas, na época em que fazia bailes pelos clubes da Capital, era acompanhar artistas. Maysa, Doris Monteiro, Nelson Gonçalves, Wanderley Cardoso... Cauby Peixoto se impressionou com a versatilidade do jovem cearense. "Você tem quantos anos, meu filho?", duvidou o intérprete de "Conceição".

Talvez venha daí sua capacidade de agregar. O primeiro disco só veio em 2004, época em que ainda se dividia como músico e funcionário público. Gravar para ele já era estar perto de amigos. Cada ficha técnica é um catálogo dos melhores músicos da Cidade. Numa manhã quente de sábado, visitei o estúdio do maestro, hoje com 73 anos, e ouvi histórias de sua discografia.

Estreia

Luciano tentou fazer um show comemorando os 20 anos do seu disco de estreia, mas não conseguiu. "Luciano Franco" (2004) traz 12 temas instrumentais interpretados por um time de alto quilate. "Tem vários pianistas, vários bateristas, tem vários tudo", contabiliza Luciano que apresentou suas composições em um dos primeiros festivais de Jazz&Blues de Guaramiranga. "Eu peguei corda", explica ele que trouxe Adelson Viana, Arismar do Espírito Santo, Renno Saraiva, Dominguinhos e muitos outros para tocar no álbum.

Cinco anos depois veio "Rio Novo", com mais 13 composições da mesma época do anterior. Se o primeiro deu mais destaque ao sax de Márcio Resende, nesse os pianistas apareceram mais. Edson Távora Filho, Tito Freitas, Adelson Viana e Adriano Oliveira tocam piano; Jorge Helder toca baixo; Pantico Rocha toca bateria, entre muitos outros.

Parcerias

Após dois instrumentais, vieram parcerias com três letristas. O primeiro é "Forró Brasileiro" (2016), com melodias de Luciano e letras de Eason Nascimento. As interpretações ficaram com Edinho Vilas Boas e convidados como Marcos Lessa, Waldonys e a pernambucana Cristina Amaral. Três anos depois, teve "Sonho ou Canção", com letras de Dalwton Moura. O disco mistura estilos, como bossa, samba, jazz, e uma lista de convidados que inclui Lorena Nunes, Luciana Souza e Idilva Germano. Em Guaramiranga, Luciano conheceu o guitarrista Roberto Menescal e lhe mandou algumas canções por email. O mestre da bossa nova gostou, participou do disco e do show de lançamento no Rio de Janeiro.

Ainda da parceria com Dalwton, nasceu "Milito Franco Moura", EP de seis faixas instrumentais divididas também com o pianista Osmar Milito. Em 2023, foi a vez de "Valsa do Tempo". As letras são de Luis Lima Verde, a quem Luciano conheceu durante um lançamento literário. Após o evento, eles conversaram e o resultado foi lançado em CD com participações de Humberto Pinho, Roberta Fiúza, Thereza Raquel e outros.

Novos horizontes

Após "Parceirização", trabalho instrumental com o saxofonista Jorge Doudement, o ano de 2024 abriu com "Amor Total", um apanhado de 13 composições inéditas, com diversos parceiros. "Carro de Boi", com Davi Duarte, e "Em tom de paz", com Yayá Villas Boas, são destaques. Depois veio "Casa das Flores", que reúne 13 parcerias com o mineiro Paulinho Pedra Azul gravadas nas vozes de Edmar Gonçalves, Claudine Albuquerque e Ingrid Sales. Fechando o ano, veio "Brasilidades Musicais", com 13 faixas (o número não é coincidência) interpretadas por Arnaldho de Sá, um dos mais experientes cantores da noite cearense.

O que vem por aí

Organizado em pastas no computador, Luciano Franco já tem cinco discos preparados para 2025. Um deles é "Sonho é pra sonhar", com o poeta e professor Chico Araujo, colunista do O POVO . O trabalho começou a nascer quando eles se conheceram no Sarau da Alegria, um encontro de amigos envolvidos com arte. Ali nasceram as composições que ganham as vozes de Edinho Vilas Boas, Marina Cavalcante, Tailândia Montenegro e outros. Outro previsto para este ano nasceu na mesma época do "Forró Brasileiro". Luciano e Eason planejaram dois projetos: um de forró e um de samba, que era a preferência de Luciano. A insistência de Eason ganhou e eles estrearam com o forró, embora os sambas - todos gravados por Cristina Amaral e com participação de Rodger Rogério - tenham ficado só esperando ajustes.

O terceiro, "Bom dizer", é mais um apanhado de faixas que ficaram guardadas no computador de Luciano, que vão nascendo a partir de encontros com amigos. A faixa título é um xote com letra e voz de Rodger Rogério e participação de seu filho, Pedro Rogério. Outra faixa desse álbum é "Choro da Mulata", cantada pelo baiano Ray Miranda, radicado no Ceará, onde viveu até morrer em 2013.

O ano de 2025 se encerra com mais dois instrumentais: "Esplendor" e "Encontro marcado", ambos autorais, com 13 faixas e muitos convidados, como Edson Távora, Jorge Doudement, Adriano Giffoni, Vinicius Dorin e o pianista Tito Freitas. Uma parte deles está quase pronto, esperando detalhes técnicos. "Enquanto vai descarregando um, eu ataco o outro, sabe? Fica assim", explica Luciano, enquanto já vai fazendo outras gravações ali. Tanto que ele já cita, pelo menos, outros quatro discos que estão nos seus planos. Mas, sobre eles, esperemos outra coluna.

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