Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor-associado da UFC, tem experiência na área da medicina, com ênfase em cardiologia, atuando principalmente nas áreas de sistema nervoso autônomo, sistema cardiopulmonar e doença de Chagas. Foi secretário de Saúde do Ceará entre 2019 e 2021
No Brasil, somente 27 % dos médicos têm residência médica. Vale lembrar que em vários países não é possível exercer sem esse passo na formação. Entre alguns, estão Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha
Foto: Divulgação
Dr. Cabeto, médico
O tema remonta a uma discussão antiga sobre o acesso dos pacientes ao sistema de saúde. Alguns aspectos merecem uma análise mais aprofundada.
Recentemente, foi publicado no British Medical Journal um levantamento sobre iatrogenia médica, de 2001 a 2019. Refiro-me a efeitos adversos involuntários relacionados ao ato médico. Nesse período houve um aumento de 59 % no mundo, enquanto o crescimento populacional foi de 45 %.
O tema nos interessa quando assistimos a política atual de expansão das faculdades de medicina pelo Brasil, enquanto somente 27 % dos médicos brasileiros têm residência médica. Vale lembrar que em vários países não é possível exercer a medicina sem esse passo na formação. Entre alguns, estão Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha.
Será, assim, provável, que haja um crescimento dos erros, da iatrogenia e dos custos.
A formação médica é complexa, e exige habilidades técnicas e humanísticas.
Por outro lado, alega-se que parte do problema da saúde brasileira relaciona-se a um déficit de médicos . Cabe lembrar que essas estimativas baseiam-se em realidades anteriores, quando o perfil epidemiológico era diferente. As estimativas atuais, segundo a OMS, devem ser baseadas na média da idade e densidade populacional, qualidade da formação e infraestrutura adequada para os profissionais. Nesses quesitos, existem enormes diferenças entre as regiões brasileiras, e entre o Brasil e países da Europa e Estados Unidos.
É tempo de mudar as estratégias na área de saúde. Cito artigo publicado em 2022 no journal of American College, onde ressalta-se que a maior parte dos problemas de saúde tem relação direta com a qualidade das moradias e da vizinhança, da educação, do sistema de saúde e renda média familiar.
Precisamos rever os modelos do sistema e dos contratos de trabalho, pois grande parte dos profissionais de saúde têm vínculos precarizados. Além de dar eficiência ao gasto público. Segundo André Medici, no Brasil houve 37,8 bilhões de gastos inadequados na saúde brasileira em 2017.
Enfim, a sociedade precisa de uma cidade mais justa e melhor planejada, e de uma política mais transparente, altruísta e eficiente.
Urge romper com conceitos que já não se harmonizam com a necessidade contemporânea.
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