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Depende do ângulo de análise...
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Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor-associado da UFC, tem experiência na área da medicina, com ênfase em cardiologia, atuando principalmente nas áreas de sistema nervoso autônomo, sistema cardiopulmonar e doença de Chagas. Foi secretário de Saúde do Ceará entre 2019 e 2021

Dr. Cabeto opinião

Depende do ângulo de análise...

É mister, independente das vertentes ideológicas, entender o dilema entre o paradoxo do o porque de "tantos progressos" no Ceará e a incapacidade de resolver um sem número de problemas, sociais e econômicos, que seguem a nos desafiar
Tipo Opinião

Segundo Antônio Carlos Jobim, maestro, um dos maiores nomes da música brasileira, "viver em Nova Iorque é bom, mas é uma merda. Já viver no Rio de Janeiro é uma merda, mas é bom".

Nos últimos dias, talvez semanas, tenho escutado de pessoas até certo ponto próximas, que o nosso velho Ceará é um caso de sucesso. A justificativa, segundo os mesmos, vem da comprovação do crescimento diferenciado do Ceará em relação aos outros estados do Nordeste. Tal afirmação, usa como exemplo o aumento do PIB, que se aproxima do nosso rival mais próximo, o estado de Pernambuco. Somam-se a esses dados os possíveis impactos da ampliação de infra-estrutura e o processo de industrialização das últimas décadas. Em geral, atribuem a esses indicadores de sucesso alcançado ao legado da responsabilidade fiscal instituída desde a década de oitenta, de forma mais eficiente.

Cabe-nos, no entanto, analisar alguns fatos que merecem uma observação mais apurada, especialmente os relacionados às questões sociais.

Assim, é mister, independente das vertentes ideológicas, entender o dilema entre o paradoxo do o porque de "tantos progressos" e a incapacidade de resolver um sem número de problemas, como o acesso e a qualidade da saúde, a qualidade da educação, a redução da miséria e da pobreza e a crescente marginalização nas grandes cidades, os assentamentos precários, a baixa cobertura de saneamento e a crise na segurança pública. E, principalmente, a falta de equidade e a desigualdade, que, provavelmente, são as causas de todo o insucesso.

Nesse aspecto, portanto, nós não fomos tão eficientes. Fazendo uma analogia, o dono da empresa viu seu faturamento aumentar, mas não percebeu que o seu funcionário empobreceu e adoeceu.

Talvez isso explique as sucessivas crises dos modelos atuais, que não conseguem reverter a realidade perversa da maioria da nossa sociedade. Em contrário, agravam-se, diariamente, os nossos conflitos.

No entanto, não se trata de uma visão pessimista. Trata-se de uma reflexão. É, talvez nós não sejamos tão bons. Talvez sejamos no futuro se entendermos, agora, as necessidades das pessoas. Nem tampouco, somos tão ruins. Apenas não somos o que dizemos, e a população sabe disso!

Afinal, o Ceará é uma M… mas é bom?

Tudo depende do ângulo de análise. Sugerimos, somente, olhar pelo lado de quem precisa, das famílias e da nossa sociedade.

 

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