Viajar pelo mundo é, pra mim, mergulhar nas tradições, sabores e invenções que nascem da cozinha. E, se tem uma coisa que o Japão sabe fazer bem, é unir tradição com tecnologia. Prova disso é o kaiten-zushi, os famosos restaurantes de sushi na esteira. Sim, os sushis literalmente passam na sua frente e você escolhe o que vai degustar - como se fosse um desfile de sabores.

Minha primeira experiência foi em Tóquio e confesso: parecia um cenário futurista. A esteira girava pelo balcão, carregando pratinhos coloridos que despertavam a curiosidade. Cada cor representa um valor diferente e, no final, a conta é calculada pelo número e tipo de pratos empilhados. Prático, rápido e surpreendentemente acessível.

Mas de onde vem essa ideia? O primeiro kaiten-zushi surgiu nos anos 1950, criado por um empreendedor japonês chamado Yoshiaki Shiraishi. Ele se inspirou nas linhas de montagem das fábricas para baratear e agilizar o serviço de sushi, tornando-o acessível ao grande público. E deu certo - hoje é febre no Japão e no mundo.

Entre um nigiri de atum e um gunkan de ovas, fui descobrindo algumas curiosidades:

Em muitos restaurantes, você pode pedir pelo tablet e o prato vem em uma "pista expressa", direto até você.

Há sabores bem locais, como sushi com milho e maionese, ou com wagyu levemente grelhado.

E o melhor: alguns locais oferecem jogos interativos. A cada cinco pratos, você participa de um sorteio. Ganhando ou não, a diversão é garantida.

E os preços são surpreendentes em relação ao Brasil, os sushis normais custam em média R$ 6,30 o par, enquanto que os especiais como o de wagyu não sai por menos de R$ 16.

Mais que uma refeição, o kaiten-zushi é uma experiência. Democrática, tecnológica e - claro - deliciosa. Prova viva de que o Japão continua a reinventar o tradicional com muito respeito e criatividade.

E se um dia você vier a Tóquio, não deixe de se sentar diante dessa esteira giratória. Pode ter certeza: ela gira mais que sushi. Gira memória, surpresa e prazer.